Melhorar as Competências dos Alunos Portugueses
Na sequência da adopção da Estratégia de Lisboa, a União Europeia aprovou, em 2002, o programa de trabalho “Educação e Formação para 2010”. Nesse programa de trabalho identificaram-se 5 valores de referência a atingir até 2010, a saber:
Recentemente, a Comissão Europeia, através da sua Comunicação “Quadro estratégico actualizado para a cooperação europeia no domínio da educação e da formação” - COM (2008) 865, identificou os objectivos estratégicos, nesta área, para 2020. O gráfico seguinte, publicado nessa mesma Comunicação da Comissão Europeia, apresenta o actual grau de concretização desses valores de referência do Programa Educação e Formação para 2010.
Fonte: Comunicação “Quadro estratégico actualizado para a cooperação europeia no domínio da educação e da formação”
Vale a pena analisar, especificamente, o grau de concretização da meta relativa ao número de licenciados em matemática, ciências e tecnologias (até 2010, na União Europeia deverá registar-se, um acréscimo deste número de licenciados em pelo menos 15%, devendo simultaneamente ser reduzido o desequilíbrio entre sexos). No plano europeu, conclui-se que, ao contrário do que vem sucedendo para os outros objectivos, as metas relativas ao número de licenciados em matemática, ciências e tecnologias serão atingidas.
Portugal (como se pode comprovar pelo gráfico seguinte) foi um dos Estados-membros da U.E. que registou o maior aumento, em termos relativos, entre 2000 e 2005, deste número de licenciados.
Fonte: Relatório conjunto de 2008 do Conselho e da Comissão sobre a aplicação do programa “Educação e Formação 2010”
No entanto, o Programa PISA (Programme for International Student Assessment), coordenado pela OCDE, apresenta níveis muito preocupantes quanto às competências na área da Matemáticas dos jovens portugueses.
Este Programa avalia, em cerca de 60 países, desde 2000, o desempenho dos alunos de 15 anos, ao nível da leitura, da Matemática e das ciências.
O quadro seguinte sintetiza os resultados na U.E., identificando a percentagem, em cada país, do número de alunos com desempenho inferior ao nível 1 (nível mais baixo na escala de avaliação). Ora, Portugal apresenta, de acordo com a OCDE, “valores nos domínios da leitura, da Matemática e das ciências, muito abaixo da média da OCDE”.
Percentage of pupils with reading, maths and science literacy level 1 and lower on the PISA scale, 2006
Fonte: OECD PISA 2006
Na Matemática, os resultados são especialmente graves: cerca de 30% dos jovens portugueses com 15 anos têm um desempenho, na Matemática, igual ou inferior ao nível 1, quando a média da OCDE é de 22,9% e, por exemplo, na Finlândia de apenas 5%.
Aquele que deveria ser um valor residual apresenta, assim, uma dimensão verdadeiramente central. O gráfico seguinte permite concluir que temos, em Portugal, tantos alunos com competência igual ou inferior ao nível 1 como, na Finlândia, alunos com competência situada no nível 3.
Percentage of students at each proficiency level on the mathematics scale
Fonte: OECD PISA database 2006, Table 6.2a
A OCDE conclui, relativamente aos resultados de Portugal, que é necessário melhorar a formação e a avaliação de professores e promover o ensino técnico e profissional.
Mas este não é, apenas, um problema dos mais jovens. A literacia matemática é um problema grave que afecta, em Portugal, mas, reconheça-se, em muitos outros países, uma parte considerável da população adulta. Atendendo à falta de capacidade em resolver fracções e em calcular percentagens, os cidadãos têm, por exemplo, grande dificuldade em explicar como se calculam os juros pagos nos seus empréstimos e a média do consumo de combustível do seu automóvel.
Ora, essa falta de competências, da população adulta, na área da Matemática, sendo um problema em si mesmo, também contribui de forma significativa para que exista uma certa desculpabilização e aceitação do insucesso escolar na Matemática. Isto é, os adultos, tendo dificuldades em Matemática, aceitam e desculpabilizam, mais facilmente na Matemática do que noutras área do conhecimento, o insucesso escolar dos mais jovens.