Congratulo-me com a realização de um colóquio que atesta e aprofunda as intensas relações culturais entre os dois países latinos geograficamente mais distantes entre si, no espaço da Europa. Como hoje aqui se provou, o interesse recíproco não conhece distâncias.
Registo com satisfação o grande número de traduções: quase duzentos volumes de obras portuguesas, incluindo autores clássicos e contemporâneos, traduzidas para língua romena. Também em Portugal se regista um interesse continuado pela produção literária de poetas, romancistas e ensaístas romenos.
O conhecimento mútuo de Portugal e da Roménia beneficiou em muito do contributo de reconhecidos intelectuais romenos que passaram por Portugal. Alguns como diplomatas, outros porque ali encontraram refúgio aquando da segunda guerra mundial.
Figuras como Lucian Blaga, que foi diplomata em Portugal entre 1938 e 1939, ou Mircea Eliade, um dos mais famosos intelectuais que recorreu ao exílio em Portugal, desempenharam um papel central na aproximação entre os nossos povos.
Sublinho também o percurso do Professor Victor Buescu, cuja filha, eminente académica portuguesa, aqui se encontra. No início dos anos 40, Victor Buescu rumou a Portugal como leitor de romeno e permaneceu na Universidade de Lisboa como prestigiado filólogo clássico e reconhecido intelectual. Os seus trabalhos, bem como os da Professora Leonor Buescu, sua mulher, podem ser vistos na mostra presente nesta universidade.
A minha vinda aqui e a homenagem ao trabalho de tradutores, professores e alunos é também uma forma de sublinhar a estreita relação entre duas culturas e duas línguas que celebram o património comum da latinidade.
Foi também nesse contexto que decidi agraciar duas personalidades que se têm distinguido no continuado aprofundamento do conhecimento recíproco entre Portugal e a Roménia: António Canhestro Ferro, leitor de português na Roménia durante mais de 25 anos, e a tradutora Micaela Ghitescu.