Foi com o maior gosto que acedi ao convite para presidir novamente à cerimónia de entrega do Prémio Champalimaud de Visão, celebrando, ao mesmo tempo, o contributo ímpar de um português, cuja memória evoco em sinal de reconhecimento de todos os nossos cidadãos.
Além da Fundação que instituiu, e que tem sido superiormente dirigida pela Senhora Dra. Leonor Beleza, o valioso legado de António Champalimaud está bem presente neste Prémio de reconhecida relevância no domínio da visão e igualmente ao serviço de novos padrões de conhecimento que promovam a saúde e o bem-estar da Humanidade.
A Fundação Champalimaud é atualmente uma referência, a nível mundial, na investigação em biomedicina, e uma instituição de cuidados clínicos e tecnológicos de excelência, nas áreas das patologias oncológica e neuropsiquiátrica.
Saúdo os cientistas e investigadores e todos os clínicos pela projeção internacional que imprimiram à Fundação Champalimaud, através da obra e do trabalho que aqui, diariamente, realizam.
Portugal tem alcançado indicadores de saúde que lhe conferem uma posição de relevo no contexto internacional e esse tem sido, em larga medida, o resultado de um trabalho notável, desenvolvido, ao longo de 35 anos, pelo nosso Serviço Nacional de Saúde.
Num tempo de tantas incertezas, importa reconhecer e sublinhar a nossa capacidade de vencer, realçando os múltiplos exemplos mobilizadores, internacionalmente reconhecidos, que existem em Portugal, nas universidades, no sistema de saúde, nos centros de investigação ou nas empresas.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
A prevenção e a erradicação das doenças oculares no mundo, através da investigação básica ou clínica na área da visão e do trabalho de campo no combate à cegueira, são o propósito do Prémio Champalimaud de Visão.
O reconhecimento de que, do número total de casos de cegueira no mundo, três quartos têm como causa condições oculares que podem ser prevenidas ou tratadas, levou a Organização Mundial da Saúde e a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira a colaborarem na criação da iniciativa global “VISÃO 2020 – O Direito à Visão”, lançada em Genebra em fevereiro de 1999.
O Prémio Champalimaud de Visão tem o apoio desta iniciativa e o seu contributo, como maior galardão mundial na área da oftalmologia, é inestimável para alcançarmos um objetivo tão ambicioso quanto generoso: eliminar as principais causas de cegueira evitável até 2020.
Neste ano de 2014, o júri decidiu atribuir o Prémio a um grupo de sete investigadores que se distinguiram pelos seus trabalhos no desenvolvimento de terapêuticas anti-angiogénicas, em situações de retinopatia diabética e de degenerescência macular da retina relacionada com a idade. Estamos perante duas patologias que representam a mais significativa causa de cegueira nos países industrializados.
O trabalho dos investigadores hoje premiados representa um excecional contributo para a fisiopatologia da perda de visão e para o progresso acelerado da aplicação de novas terapêuticas na área oftalmológica.
O alcance e o impacto desta investigação em biologia vascular serão vastíssimos, na medida em que a prevalência daquelas doenças se relaciona quer com o envelhecimento da população, quer com maus hábitos alimentares indutores da diabetes e da obesidade.
Saúdo calorosamente os sete investigadores premiados, pelo exemplo de metodologia de trabalho em equipa que, durante anos, os conduziu ao sucesso na sua pesquisa.
Os resultados do vosso trabalho, agora aplicados ao tratamento dos doentes, abrem esperança, em todo o mundo, a milhões de pessoas afetadas por doenças da retina.
Felicito igualmente o júri pela escolha que fez e faço votos para que, ano após ano, este Prémio continue a ser um fator de estímulo para todos os que aplicam o seu saber e orientam o seu trabalho em prol dos seus semelhantes.
Muito obrigado.