Senhora Ministra da Cultura
Senhor Vice-Presidente da Xunta da Galiza
Senhor Alcaide de Santiago de Compostela
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém
Excelência Reverendíssima o Bispo de Beja
Senhoras e Senhores,
É para mim motivo de grande satisfação vir aqui hoje, a Santiago do Cacém, inaugurar a exposição “No caminho sob as Estrelas” e, ao mesmo tempo, assistir à assinatura do protocolo de geminação entre este município e o de Santiago de Compostela.
A história desta cidade alentejana está ligada, como sabemos, aos muitos peregrinos que por aqui passaram, rumo a Compostela, e que aqui encontravam hospitalidade e apoio, antes de se fazerem de novo ao Caminho.
É uma história que tem muito a ver, naturalmente, com a vivência da fé e com os valores essenciais que moldaram a nossa cultura e a nossa identidade colectiva.
Mas é também um testemunho da nossa ligação histórica à vizinha Espanha e ao resto da Europa.
Neste momento, em que Portugal preside ao Conselho da União Europeia, é uma feliz coincidência podermos vir aqui recordar as nossas raízes, olharmos para as marcas deixadas pelos muitos que, ao longo de séculos, cruzaram as nossas terras, movidos pela fé e pela esperança.
Os objectos e obras de arte, que vamos poder apreciar, são um admirável testemunho da diversificada rede de itinerários e contactos que ligaram desde sempre os nossos povos.
Mas são, acima de tudo, a prova de que, hoje como então, podemos estabelecer laços de solidariedade e cooperação em torno de valores fundamentais, para lá das diferenças que sempre existiram.
Quero, por isso, saudar muito em especial as autoridades da Galiza que se encontram entre nós e congratular-me pela colaboração que tem havido entre o Município de Santiago do Cacém e o de Santiago de Compostela.
Espero que essa colaboração possa repetir-se em outras iniciativas, tão bem sucedidas quanto esta exposição.
Quero igualmente congratular-me pelo trabalho que tem vindo a ser realizado pela diocese de Beja em defesa do património religioso e cultural, um trabalho que foi decisivo para a exposição que vamos admirar e para a salvaguarda de vários monumentos da região do Baixo Alentejo.
Gostaria que exemplos como este se multiplicassem em todo o território nacional.
A preservação do nosso património histórico é uma tarefa que compete a todos e pela qual todos somos responsáveis face às gerações de amanhã.
Evidentemente, nem todos temos conhecimentos especializados ou outros meios que nos permitam proceder à recuperação de monumentos.
Mas todos podemos e devemos estimar as nossas coisas, conhecê-las um pouco melhor, visitá-las durante as férias ou durante os fins-de-semana, contribuir para que elas não se degradem e possam, pelo contrário, ser um cartão de visita no qual sentimos orgulho.
Tenho-o dito de diversas maneiras, em várias intervenções públicas, desde que tomei posse como Presidente da República: «a preservação do espaço que habitamos, assim como do património que herdámos, são dois elementos decisivos para o reforço da nossa identidade comum».
Foi por essa razão que decidi iniciar hoje, aqui em Santiago do Cacém, a primeira jornada de um Roteiro para o Património, destinado a sensibilizar as diversas entidades, instituições, empresas, escolas e os cidadãos em geral, para a importância desta causa.
Quero, antes de mais, sublinhar a riqueza do património cultural de que Portugal dispõe. Todos conhecemos, ou já ouvimos falar, dos principais monumentos portugueses, principalmente daqueles que alcançaram o galardão de Património da Humanidade.
Mas quantos de nós se empenham na preservação dos pequenos mas valiosos monumentos que tantas vezes estão ao abandono perto do local onde vivemos?
Quero evidenciar também as boas práticas que, felizmente, já existem neste domínio e que têm sido protagonizadas por vários grupos de cidadãos, por instituições e por autarquias.
Quero estimular os jovens a conhecerem e a estudarem melhor o nosso património cultural.
Quero, finalmente, chamar a atenção para a importância da preservação do património enquanto factor decisivo, não apenas da nossa identidade colectiva, mas também do nosso desenvolvimento económico e social.
Um País como Portugal, que tem mais de oito séculos como nação independente e possui uma herança cultural a vários títulos notável, não pode desperdiçar essa mais-valia que é a singularidade do seu património.
Felicito a Câmara Municipal de Santiago do Cacém e o Departamento Histórico e Artístico da Diocese de Beja pela organização desta magnífica exposição e agradeço a inestimável colaboração da Junta da Galiza.