É com o maior gosto que de novo me associo a este importante evento das indústrias das tecnologias da informação, da comunicação e dos novos media.
Os Congressos da APDC são, reconhecidamente, encontros de elevado significado, que contribuem para o desenvolvimento e para a consolidação de um dos setores mais dinâmicos da economia portuguesa.
Afirmo-o, não por qualquer cortesia de circunstância, mas porque, efetivamente, o peso do setor das tecnologias da informação e da comunicação é já determinante para a nossa economia. Os vossos esforços, o vosso trabalho e o vosso talento são dirigidos a um mercado mundial e não apenas nacional, sendo significativo o contributo do setor para o aumento das exportações.
Muitos portugueses, em particular os que não estão familiarizados com as tecnologias da informação e da comunicação, podem pensar que se trata de um setor ainda pouco expressivo ou até residual na nossa economia. Mas a realidade é bem diferente e, nestes tempos, mais do que em outras alturas, importa sublinhar, com clareza, o capital de esperança que o vosso setor constitui para o País.
É por isso que aqui estou.
Tratando-se de um setor da designada “economia digital”, que incorpora elevado conhecimento e tecnologia, o seu forte crescimento durante anos consecutivos significa que o País tem massa crítica – recursos humanos, talento e criatividade – para poder desenvolver novos setores económicos e criar novas bases produtivas, trazendo maior dimensão à economia portuguesa.
Da mesma maneira que, nas últimas duas décadas, o setor das tecnologias da informação e da comunicação se desenvolveu e se tornou num setor decisivo, também nos próximos anos muitos outros se poderão desenvolver e dar à nossa economia uma face diferente da que hoje apresenta.
Como Presidente da República, partilho a preocupação de todos pela crise que Portugal atravessa, bem como pelas dificuldades, em muitos casos extremas, por que muitas famílias e empresas passam atualmente. Mas, por isso mesmo, não podemos abandonar o projeto de fazer de Portugal uma sociedade mais desenvolvida.
Ou seja, ambição e uma visão esclarecida do futuro tornam-se hoje, mais do que nunca, extremamente importantes para Portugal.
As empresas que a APDC representa devem constituir, pelo exemplo do seu percurso e da ambição dos seus objetivos, uma fonte de inspiração para a economia portuguesa.
Não é por acaso que Portugal dispõe hoje de infraestruturas e redes de comunicação, incluindo comunicação em fibra ótica, que se encontram entre as mais desenvolvidas do Mundo. A aposta nas novas tecnologias da comunicação foi, pois, uma aposta ganha e foi uma aposta alicerçada numa visão de longo prazo, para a qual muito contribuiu o espírito visionário de Diogo Vasconcelos, que todos no setor tão bem conheceram.
Como Presidente da República, estou grato pelo vosso trabalho coletivo de construção deste setor. E devo felicitar a APDC e o seu Presidente cessante, o Dr. Pedro Norton, pelo empenho e pelo inconformismo que têm demonstrado.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
O inconformismo a que me refiro está bem patente no tema do vosso Congresso: “Um Mar de Oportunidades”. O vosso setor revela, assim, que há caminhos a desbravar e oportunidades de negócio que estão à espera de ser exploradas.
Um setor, como o das tecnologias da informação e da comunicação, que é transversal à economia, não se pode fechar sobre si próprio. Deve, sim, procurar novos mercados. As tecnologias da informação e da comunicação beneficiam com os novos clientes e estes, por sua vez, tiram partido dessas tecnologias para se poderem modernizar. É aqui, para além do valor intrínseco que o volume de negócios das tecnologias da informação e da comunicação representa, que reside o grande contributo do vosso setor: constituir uma plataforma de modernização e inovação para os demais setores da economia portuguesa.
Portugal carece de uma ligação mais intensa entre setores diferentes da economia, que pouco se relacionam e quase se desconhecem, desperdiçando assim sinergias que, em economias mais integradas, são uma das principais forças da inovação.
Este ponto é tanto mais importante quanto Portugal permanece um país caracterizado por realidades económicas que vivem a diferentes velocidades. Temos setores inovadores, extremamente tecnológicos, ao lado de setores de cariz ainda muito tradicional, para os quais o contributo das tecnologias da informação e da comunicação pode ser um acelerador de mudança.
A atitude proativa da APDC de ir ao encontro de outros setores da economia portuguesa assume uma acrescida relevância pelo facto de a grande maioria do nosso tecido empresarial ser composto por empresas micro, ou pequenas e médias empresas.
A economia do mar, um setor, também ele, transversal à economia nacional, e que é objeto de atenção específica neste Congresso, certamente terá muito a beneficiar da ação das tecnologias da informação e da comunicação.
No exercício da magistratura de influência que cabe ao Presidente da República, tenho procurado contribuir para gerar no País a ambição de construir um modelo de desenvolvimento económico mais sustentável e mais diversificado do que tem sido até aqui.
Numa altura em que urge criar riqueza no País e gerar novas bases de crescimento económico, é necessário olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassar os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria, com vista a produzirmos, em maior gama e quantidade, produtos e serviços que possam ser dirigidos aos mercados externos.
Tenho defendido que Portugal deve explorar novas opções de desenvolvimento, sendo que a nossa geografia, os nossos recursos naturais e o mar são, indubitavelmente, uma dessas opções.
Não estranharão, por isso, que considere especialmente feliz a escolha do tema deste vosso Congresso.
Acredito que a economia do mar se perfila como uma opção promissora de desenvolvimento do País, pelo potencial que encerra no setor dos transportes, no setor da alimentação e da nutrição, no setor da energia, e também em áreas ligadas aos novos usos e recursos do mar, que incluem os setores da biotecnologia marinha e das tecnologias subaquáticas.
Para além do potencial de futuro que manifestamente encerra, a economia do mar, que apresenta ainda, entre nós, uma predominância de setores com cariz menos tecnológico e inovador, muito tem a ganhar com o produto das vossas indústrias. Acresce que, sendo uma área onde predominam as pequenas e médias empresas, pode beneficiar de forma particularmente nítida com a proatividade e a visão do vosso setor.
O setor das tecnologias da informação e da comunicação, para além de poder acelerar a modernização da nossa economia do mar, proporciona também um exemplo de liderança e de esperança para o desenvolvimento dos seus diferentes setores, bem como, aliás, para outros setores emergentes do panorama nacional. É o que se verifica já na indústria portuária, principalmente nos maiores portos nacionais, que muito têm beneficiado da inovação trazida aos seus procedimentos e ao próprio negócio pelas tecnologias da informação e da comunicação.
Regozija-me que as tecnologias da informação e da comunicação e os novos media mostrem estar atentos ao contributo que poderão trazer ao esforço de dinamização e modernização de que o País precisa para fazer do mar uma poderosa base produtiva da sua economia.
Muito obrigado pela vossa atenção.