Depois do sucesso que foi a realização, em setembro de 2010, da IV edição da Feira do Livro de Díli, durante a qual se venderam uns impressionantes 22 mil livros, a realização desta V edição, pondo à disposição dos timorenses mais 25 mil volumes, representa um dos contributos mais gratificantes de Portugal para a promoção da língua portuguesa.
A promoção do gosto pela leitura e a divulgação do conhecimento através dos livros é um fator indispensável ao progresso das sociedades. A realização desta Feira do Livro constitui, neste quadro, um complemento do esforço de formação em língua portuguesa que, desde 1999, tem sido levado a cabo, no quadro de parcerias de Timor-Leste com Portugal e com o Brasil.
Foi, aliás, graças a este esforço verdadeiramente notável que a percentagem de jovens timorenses, entre os 15 e os 24 anos de idade, que afirmam falar, ler e escrever em português alcançou os 39 por cento em 2010, o que representa um crescimento de 128 por cento em relação a 2004.
É pois com grande expectativa que assinalo que, nos termos dos acordos recentemente celebrados entre os governos de Portugal e de Timor-Leste, o número de docentes portugueses formadores de professores timorenses passará de 105 em 2011, para 225 no final do corrente ano, prevendo-se que atinja os 355 em 2014.
É, assim, perfeitamente legítimo alimentar a esperança de habilitar, em três anos, os cerca de 8.500 professores que desejam entrar na carreira docente, criando, dessa forma, uma situação completamente nova no sistema educativo timorense.
Não ignoro a complexidade de que se reveste, para as autoridades timorenses, o problema da alfabetização, face às vicissitudes por que passou este povo ao longo da sua História, em particular nas últimas décadas.
Estou certo de que Timor-Leste tudo fará para continuar, como até agora, a participar empenhadamente na tarefa, difícil mas grandiosa, que é a afirmação internacional do espaço de língua portuguesa.
Dizia há muito tempo Monteiro Lobato, o grande escritor brasileiro de literatura para crianças, que todas «as nações se fazem com homens e com livros». A Timor, não faltaram os homens, nem as mulheres, para lutar pela independência e erguer um País, que muitos consideravam ser uma utopia. É, portanto, chegado agora o tempo dos livros, ou seja, o tempo da divulgação do conhecimento e da cultura, que são imprescindíveis para consolidar uma nação e assegurar a coesão social, o desenvolvimento e o bem-estar das populações.
Esta Feira do Livro, para além de disponibilizar livros a um preço simbólico a quem deles mais precisa, tem também servido para lançar obras de referência, que vão ao encontro de necessidades específicas do sistema educativo. É o caso, este ano, do lançamento do primeiro “Dicionário de Malaio/Indonésio-Português”, do Professor Geoffrey Hull.
É, aliás, com satisfação que anuncio publicamente que tomei a decisão de agraciar o Professor Geoffrey Hull com o grau de Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique, em reconhecimento pela sua contribuição para a defesa e valorização da língua portuguesa. Infelizmente, por razões de saúde, o Professor Geoffrey Hull não poderá estar hoje aqui presente.
Quero, nesta ocasião, dirigir uma palavra de apreço muito particular ao Senhor Primeiro-Ministro de Timor-Leste pelo lançamento, durante a V Feira do Livro, da compilação dos seus principais discursos ao longo dos últimos dez anos, uma edição que tive, de resto, a honra de co-prefaciar.
Uma palavra, também, para felicitar os responsáveis pela organização desta Feira do Livro e para agradecer a todos quantos contribuíram para a sua realização, em especial as editoras, mas também à Caixa Geral de Depósitos que, no ano em que o Banco Nacional Ultramarino celebra o seu centenário em Timor-Leste, surge como um dos principais patrocinadores da presente edição.
Antes de terminar, gostaria de proceder à entrega formal de duas bibliotecas itinerantes às autoridades timorenses. Trata-se de um projeto tornado possível através, justamente, da aplicação das receitas geradas pela anterior edição da Feira do Livro. Estas bibliotecas destinam-se a ser usadas nas áreas de implantação das Escolas de Referência, projeto cuja exemplaridade aproveito, de resto, para louvar, na pessoa do Senhor Ministro João Câncio.
Obrigado.