É com muito gosto que presto a minha homenagem à Universidade de Lisboa, que agora encerra o programa de Comemorações do seu primeiro centenário.
Como Presidente da República e como cidadão português, quero manifestar o meu enorme orgulho no trabalho realizado ao longo de um século pela Universidade de Lisboa, uma instituição de referência que soube encontrar resposta e capacidade de adaptação às profundas transformações e incertezas com que foi confrontada e que é hoje um exemplo de modernidade, de vitalidade e de visão.
E é por isso que, para além do respeito e do reconhecimento pelo inestimável contributo que tem dado à sociedade portuguesa, podemos igualmente reafirmar, com toda a justiça, a nossa confiança no futuro da Universidade de Lisboa e no papel que certamente continuará a desempenhar.
Não tem sido nada fácil, entre nós, o papel das universidades ao longo dos tempos. As universidades contribuíram decisivamente para a afirmação de um Estado moderno, que recuperou de um grande atraso ao nível educacional, que integrou a União Europeia e passou a competir num mercado global e sem fronteiras, apto a acolher e integrar pessoas vindas de todos os cantos do mundo.
Um país que procurou responder às exigências de uma crescente qualificação, em que o número de diplomados cresceu cinco vezes em apenas duas décadas e que soube afirmar-se no exigente e competitivo segmento da investigação científica e da capacidade de inovação.
Como ainda há bem pouco tempo tive oportunidade de referir em Stanford, Portugal tem vindo a afirmar-se internacionalmente pela qualidade dos seus investigadores, pela excelência da sua produção científica e pela sua integração plena nas redes científicas globais mais representativas e prestigiadas.
Os nossos melhores centros de investigação e universidades, de que é exemplo a Universidade de Lisboa, têm estabelecido programas de intercâmbio e troca de experiências e conhecimentos, integrando redes internacionais de cooperação universitária como medida estratégica para a sua internacionalização.
É também de sublinhar o esforço que as Universidades têm feito para se abrir à sociedade, pondo o seu saber e a sua capacidade de inovação ao serviço das empresas mais ambiciosas, apoiando o desenvolvimento de novos negócios e acolhendo iniciativas que, de outro modo, teriam poucas possibilidades de vingar.
O reforço da ligação virtuosa entre a academia, os empreendedores e a aplicação do conhecimento científico e do desenvolvimento tecnológico à criação de inovações de sucesso é um caminho que temos de trilhar mais intensamente, para que o grande potencial das nossas instituições científicas seja transformado em criação de riqueza.
A Universidade de Lisboa, a par de outras universidades portuguesas, iniciou há muito esse processo de transformação, um processo que é essencial ao País mas que requer tempo e compromissos políticos e financeiros de longo prazo.
A obtenção de resultados de elevado nível exige, de facto, recursos adequados e uma necessária autonomia de decisão. Pese embora o contexto de grave crise económica e orçamental, vale a pena sublinhar que, num quadro de acesa concorrência a nível global, a excessiva carência de recursos ou a sua imprevisibilidade pode provocar um atraso difícil de recuperar.
Deve ser preservada a autonomia das universidades, confiando à responsabilidade dos seus órgãos de governo o rigor que se lhes exige na gestão dos escassos recursos disponíveis.
As instituições universitárias, na sua maioria, já demonstraram merecer a confiança dos poderes públicos, apresentando resultados dignos de reconhecimento e estímulo.
Decidi, por tudo isto, agraciar a Universidade de Lisboa, na celebração do seu centenário, com o título de Membro Honorário da Ordem de Sant’iago da Espada, a mais alta condecoração do País conferida às instituições de carácter científico.
Faço-o com um sentido muito firme de inteira justiça e com a convicção de que a Universidade de Lisboa saberá preservar, no futuro, o prestígio associado a tão elevada distinção honorífica.
À comunidade científica e académica, bem como a todos os que, de uma forma ou de outra, contribuíram com a sua inteligência e o seu esforço para conduzir a Universidade de Lisboa à prestigiada posição que hoje detém, endereço os meus sinceros parabéns.