É sempre com grande satisfação que retorno a São Paulo, esta metrópole que tão bem reflecte o extraordinário dinamismo e a criatividade que caracterizam a realidade pujante do Brasil dos nossos dias.
Uma satisfação ainda maior quando este retorno me permite celebrar convosco mais um aniversário da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil e prestar homenagem a todos quantos, no passado e no presente, com o seu empenho e a sua acção visionária, souberam fazer desta Câmara um projecto com futuro.
Um projecto com futuro porque soube adaptar-se à evolução do tempo e das circunstâncias, constituindo, hoje, um exemplo notável de capacidade para congregar as vontades de todos - brasileiros e portugueses, os que aqui estão há muito ou os que chegaram depois - em prol do fortalecimento das relações económicas entre Portugal e o Brasil.
Quero, antes de mais, agradecer-lhe, Senhor Presidente, bem como a todos os membros da Câmara, terem imprimido ao programa das comemorações deste aniversário as alterações que me permitiram estar aqui, esta noite.
Quero, ainda, agradecer, muito sensibilizado, a homenagem com que a Câmara me quis distinguir, este ano. Esta distinção, que tanto me honra, constitui um estímulo que reforça a minha determinação em continuar a trabalhar pela aproximação entre Portugal e o Brasil, pelo reforço das relações entre os dois países, designadamente no plano económico.
Sempre sublinhei que os laços que unem Portugal e o Brasil constituem um activo de valor estratégico para os dois países. Considero que esse valor é, hoje, ainda mais evidente, perante as incertezas que caracterizam a actual situação internacional.
Não há discurso, nos nossos dias, que não sublinhe as oportunidades que residem em todas as crises. Entendo que essa constatação é particularmente verdadeira, no que diz respeito às relações entre Portugal e o Brasil. Há que fazer deste período uma etapa de aprofundamento do nosso relacionamento, em todos os domínios, incluindo, desde logo, o das trocas comerciais e do investimento.
No próximo ano, assinalaremos, em conjunto, o Ano do Brasil, em Portugal, e o Ano de Portugal, no Brasil. Espero, sinceramente, que saibamos fazer dessa efeméride a confirmação de uma relação única entre os nossos dois países e do comum empenho em projectá-la no futuro, em acções concretas e visíveis para os nossos concidadãos.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
O aprofundamento das relações económicas entre os países implica um conhecimento mútuo das realidades de cada um e das oportunidades que cada um oferece. É verdade que os meios de comunicação dos nossos dias permitem uma fluidez de informação que favorece esse conhecimento. No entanto, o volume da informação leva a que, muito frequentemente, acabemos por reter uma imagem demasiado simplista da realidade.
Ninguém ignora as horas difíceis que Portugal vive, resultado de um processo de ajustamento económico e financeiro extremamente rigoroso destinado a corrigir desequilíbrios macroeconómicos acumulados. Mas os problemas que Portugal está a enfrentar com coragem e determinação convivem com extraordinárias histórias de sucesso, que atestam da capacidade de inovação e empreendedorismo de gente cujas referências de competitividade se regem pelos padrões internacionais mais elevados. São exemplos de um Portugal, dinâmico e ambicioso, que não se resigna e que abraça as oportunidades. As empresas brasileiras instaladas em Portugal sabem-no bem.
O facto é que em Portugal coincidem, hoje, empresas de dimensão significativa, com um elevado grau de implantação internacional, e uma nova geração de empresas e de empresários com notável capacidade empreendedora e inovadora, que desenvolvem produtos e serviços para novos segmentos do mercado mundial: na electrónica, nas tecnologias de informação, nas energias renováveis, na indústria farmacêutica, no desenvolvimento de aplicações de software.
Esta realidade encerra um manancial de oportunidades que merece a atenção e o interesse dos empresários brasileiros, tanto mais quando o Brasil reforça a internacionalização da sua economia. Existem já vários exemplos, particularmente eloquentes, dos frutos que podem resultar dessa aposta em Portugal e na cooperação entre empresas brasileiras e portuguesas. Quero, aliás, aproveitar esta oportunidade para felicitar o Presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, Eng.º Barros Franco, a quem esta Câmara, em boa hora, entendeu atribuir o título de Personalidade do Ano.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
As Câmaras de Comércio desempenham um papel fundamental na promoção do conhecimento mútuo e dos contactos entre empresários, as chaves que melhor permitem identificar as oportunidades de cooperação e de negócio. É isso que vem fazendo, de forma exemplar, a Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil. É isso que, tenho a certeza, continuará a fazer, no futuro, com redobrado afinco.
Neste dia de festa para a Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, gostaria de agradecer, a todos os seus membros, o contributo que dão, todos os dias, para a consolidação do presente e para a construção do futuro da relação entre Portugal e o Brasil. E quero garantir-lhes que, nesse seu esforço, poderão sempre contar com o meu apoio determinado.
Era Pessoa quem dizia que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Tinha razão e é por isso que acredito firmemente no futuro da obra conjunta de portugueses e brasileiros. Nenhum de nós, português ou brasileiro, é gente de alma pequena.
Muito obrigado.