A abertura de um centro de investigação com as características e as dimensões do Centro Champalimaud constituiria, em qualquer parte do mundo, uma realização absolutamente notável. O facto de ocorrer, entre nós, em Portugal, deve ser motivo de particular orgulho para todos os Portugueses.
Dá-se, aliás, a feliz circunstância de a abertura desta grande obra coincidir com a data em que celebramos o centenário da implantação da República em Portugal.
A ousadia arquitectónica do edifício e a sua cuidada funcionalidade são os sinais visíveis da excelência do trabalho que aqui irá ser desenvolvido, um trabalho de grande alcance no campo da investigação sobre o cancro e as neurociências.
As doenças malignas e as doenças do sistema nervoso são dois dos grandes flagelos da Humanidade. Portugal conta, a partir de hoje, com um centro que, em conjugação com outros que já possuímos, nos pode situar na vanguarda mundial da investigação biomédica.
O Centro de Investigação Champalimaud deve, como já disse, encher de orgulho todos os Portugueses. Será, indubitavelmente, um pólo de captação de talentos vindos de todo o mundo. Várias instituições internacionais olham já para esta obra com enorme admiração e respeito.
Numa das cerimónias de entrega do Prémio Champalimaud de Visão, tive ocasião de afirmar que «um dos deveres cimeiros dos Estados e da sociedade é o de valorizar o papel dos cientistas na abertura das novas vias do conhecimento».
Apesar da sua projecção mundial, o Centro de Investigação da Fundação Champalimaud deverá ser um pólo de fixação de investigadores portugueses e de serviço em benefício da comunidade nacional. A conjugação com a vertente assistencial, a que se obrigam os centros de investigação com componente clínica, sujeita-o a uma exigência acrescida na escolha dos meios, das pessoas e dos métodos e impõe-lhe uma particular responsabilidade ética e cívica.
Todas as tarefas que o Centro se propõe desempenhar serão, seguramente, cumpridas. Olhando o edifício, mais se reforça a convicção de que esta será uma Casa de grandes feitos. A imponência da sua arquitectura reflecte bem a força de vontade do seu mentor, António Champalimaud, e o enorme empenho, merecedor da admiração de todos nós, da grande responsável por esta obra, a Dra. Leonor Beleza.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
A Fundação atribui, anualmente, o Prémio Champalimaud de Visão, numa cerimónia a que sempre tenho o gosto de me associar.
Felicito os laureados de 2010, Anthony Movshon e William Newsome, pelo seu trabalho na investigação dos mecanismos da percepção da visão e dos mecanismos cerebrais envolvidos na consciência de ver.
Ao felicitar os premiados, quero também saudar as instituições onde desenvolveram os seus trabalhos, a Universidade de Nova Iorque e o Instituto Howard Hughes, de Stanford.
A Fundação Champalimaud, já reconhecida internacionalmente pela envergadura do seu Prémio no campo da visão, dispõe agora de uma obra física à altura da nobreza e da força dos propósitos do seu fundador.
A entrada em funcionamento deste Centro de Investigação será um marco importante para o desenvolvimento do nosso sistema científico. Muito para além disso, será uma enorme fonte de esperança para milhões de pessoas em todo o mundo.
Esta Fundação, corporizada no Centro que agora se ergue em Lisboa, é um exemplo de altruísmo cívico e de empenhamento no bem comum, que devemos estimar e cultivar. Estou convicto de que os Portugueses saberão honrar e valorizar este Centro, que é também monumento à memória de um homem.
À Fundação Champalimaud e ao seu Centro de Investigação desejo os maiores êxitos, em benefício não apenas de Portugal mas de toda a Humanidade.