É com grande satisfação que visito a Feira Internacional de Luanda, montra do dinamismo da economia angolana, neste que é o Dia de Portugal na FILDA, e na ocasião em que, pela primeira vez, esta Feira elege um país convidado, Portugal.
Dificilmente encontraria melhor local e momento mais adequado para me dirigir a todos vós e, em particular, à comunidade empresarial.
O facto de Portugal ser o primeiro país convidado da Feira Internacional de Luanda é uma honra e um sinal do empenho que Angola coloca no aprofundamento das relações com Portugal.
Nos últimos anos, tem-se verificado uma relevância crescente das economias emergentes no contexto económico global. Este papel acrescido das economias emergentes deve ser encarado como um fenómeno estrutural e da maior importância para compreender o futuro da economia mundial.
Notaria, em particular, que as economias da África subsariana têm apresentado crescimentos sistematicamente superiores a 5 por cento, desde 2002, um patamar a que deverão retornar em 2010 ou 2011, depois do abrandamento verificado em 2009, em sintonia com o ciclo negativo da economia mundial.
Os agentes económicos portugueses devem olhar para o desenvolvimento das economias emergentes como uma oportunidade muito séria de expansão dos seus negócios, de diversificação das exportações e dos investimentos.
Da mesma forma, estou convicto que Angola saberá tirar partido das suas vantagens comparativas e reforçar a sua presença no mercado internacional e as suas relações económicas com o exterior.
Neste contexto, a aproximação entre Portugal e Angola é um corolário natural, justificado pela comunhão de interesses em torno de complementaridades evidentes, nos mais variados sectores, e favorecido por razões históricas, culturais e linguísticas.
Não surpreende, por isso, que Angola seja, já, o quarto maior destino das exportações portuguesas e que os interesses de portugueses e angolanos, nos dois países, sejam tão pronunciados.
Entendo, contudo, que o nosso relacionamento económico pode ser reforçado, igualmente no plano qualitativo.
Tenho referido, por diversas vezes, a importância da responsabilidade social das empresas, designadamente a propósito dos efeitos da crise. No caso de Angola, trata-se de encarar a presença das nossas empresas numa perspectiva estratégica e de futuro.
Esta dimensão estratégica depende, em larga medida, da capacidade de conjugar os interesses económicos das empresas com a capacidade de contribuir directamente para o desenvolvimento social das populações, desde logo através da qualificação dos recursos humanos locais, incluindo o apoio a programas e iniciativas que promovam a língua portuguesa.
Trata-se de definir uma estratégia de permanência em Angola assente em objectivos e instrumentos que são, por natureza, de longo prazo: inovação, parcerias e acordos de cooperação, capacitação sócio-profissional, responsabilidade social.
Não ignoro que a resposta a um apelo à responsabilidade social das empresas será tanto mais fácil quanto melhor a situação financeira dessas empresas e mais promissoras as suas perspectivas de futuro.
A este propósito, as conversações que tenho mantido não me deixam dúvidas de que as autoridades angolanas estão bem conscientes das vantagens e dos benefícios mútuos associados a este processo de aproximação entre os nossos dois países.
Connosco partilham, igualmente, da convicção de que essa aproximação será tanto mais proveitosa quanto menores forem os factores de risco que possam somar-se aos que já estão implícitos em qualquer investimento, ou aposta comercial. E que a reciprocidade e a transparência são regras de ouro nas relações entre os países.
Penso pois, que os sinais concretos que já foram dados ao mais alto nível político irão ao encontro das preocupações dos empresários e irão traduzir-se em soluções mutuamente aceitáveis, tão brevemente quanto possível. E, como tenho sublinhado, essas soluções não vão esquecer as pequenas e médias empresas.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Durante a minha Visita, tem-me sido sublinhada a importância de lembrar aos empresários portugueses as oportunidades que existem noutras parcelas do vasto território angolano, para lá de Luanda, e que podem ser aproveitadas com benefícios mútuos.
Oportunidades relacionadas com sectores onde Angola pretende investir, no quadro de uma política de diversificação da sua estrutura económica. Sectores como a pesca, a agro-pecuária, as indústrias alimentares, a floresta, a energia hídrica e dos bio-combustíveis, entre outros.
Oportunidades favorecidas pelos importantes investimentos em infra-estruturas que têm sido feitos e que se encontram programados.
Esta abordagem estrutural e assente numa visão de futuro tem a vantagem de contribuir, simultaneamente, para a coesão e o desenvolvimento sustentável de Angola, para o sucesso do investimento das empresas e para a consolidação da sua presença neste país.
Uma presença empresarial sólida permite, ainda, tirar mais facilmente partido do potencial de Angola como plataforma de acesso aos países da África austral.
Com efeito, o conjunto regional da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) – que integra o triângulo definido por Moçambique, Angola e África do Sul – oferece oportunidades de investimento, recursos e potencialidades extremamente interessantes, com um mercado de 250 milhões de consumidores.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
A crise económica e financeira mundial a todos afectou, incluindo Portugal e Angola. No entanto, como lembrei recentemente, nenhuma crise é permanente, e há que olhar com redobrada atenção para um leque alargado de países, mercados e soluções de negócio. Angola faz claramente parte desse rol.
Uma palavra final de estímulo e de confiança aos empresários jovens. Jovens portugueses, cuja Associação aqui está, igualmente, representada, mas também jovens empresários angolanos. Estamos perante uma geração familiarizada com a realidade global dos nossos dias, mas que nem por isso - ou talvez até por isso mesmo - conhece e compreende a importância para a vida empresarial dos laços culturais, históricos e linguísticos que nos unem e a necessidade de os fortalecer.
Saibamos criar as condições para que esses laços se reforcem e para que a energia e a capacidade empreendedora de portugueses e angolanos frutifiquem, em benefício mútuo. Esse é um objectivo que me motiva nesta minha visita de Estado a Angola.
Muito obrigado.