Senhor Presidente da República Federativa do Brasil e meu prezado amigo,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhoras e Senhores Membros dos Governos de Portugal e do Brasil,
Senhores Embaixadores,
Senhor Arménio Vieira,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Quero começar por agradecer a Sua Excelência o Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ter querido honrar esta cerimónia com a sua presença, aproveitando a deslocação que efectua a Portugal, no quadro da X Cimeira Luso-Brasileira.
Trata-se de um gesto que reflecte bem a importância que o Presidente Lula da Silva sempre atribuiu à promoção da Língua Portuguesa, esse extraordinário capital que partilhamos com os nossos irmãos da CPLP e com cada vez mais cidadãos, que, nos quatro cantos do mundo, a falam e por ela se interessam.
Pela primeira vez desde a sua criação, o Prémio Camões é, este ano, entregue a um escritor cabo-verdiano. É, sem dúvida, um momento de particular significado e de grande regozijo para toda a comunidade lusófona.
Quero dar os meus parabéns, antes de mais, ao premiado, o poeta Arménio Vieira, e felicitá-lo por este galardão, que vem consagrar a sua obra e colocá-lo ao lado de outros nomes já consagrados da Lusofonia, como Miguel Torga ou José Craveirinha, Pepetela ou Rubem Fonseca.
Todos sabemos que o Prémio Camões é um prémio individual, que vem reconhecer o talento e o trabalho de um autor que tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da Língua Portuguesa. É, portanto, acima de tudo, a obra de Arménio Vieira que hoje homenageamos.
Mas essa obra tem, naturalmente, as suas raízes na cultura a que o poeta pertence e que os seus versos interpretam, de forma original e sentida. Quero, por isso, felicitar, também muito calorosamente, o povo cabo-verdiano, que festeja, este ano, o trigésimo quinto aniversário da sua independência e os 550 anos do descobrimento, e prestar, aqui, a minha sincera homenagem à riqueza da sua cultura.
Uma cultura onde são visíveis profundas marcas africanas, mas que exprime, igualmente, os traços da singular geografia e da história, tantas vezes amarga, das suas ilhas.
No momento em que o Prémio Camões consagra o poeta Arménio Vieira, é de toda a justiça evocar aqueles que primeiro contribuíram para a afirmação da cultura e das letras cabo-verdianas. Nomes como os de Baltazar Lopes da Silva e Manuel Lopes, que já não se encontram entre nós, mas que tiveram papel decisivo na génese desta literatura, que hoje aqui, de algum modo, homenageamos.
As chamadas literaturas lusófonas - com a sua diversidade, a inconfundível personalidade que caracteriza cada uma delas, e a projecção internacional de muitos dos seus autores - são a prova irrefutável de que a Língua Portuguesa se tornou, definitivamente, uma língua global.
Senhor Presidente Lula da Silva,
Senhor Arménio Vieira,
Senhoras e Senhores,
Aqui muito perto, nesse espaço magnífico e carregado de História que é o Mosteiro dos Jerónimos, estão sepultados, entre outros, os dois maiores poetas portugueses, que são, simultaneamente, dois dos maiores vultos da literatura universal de todos os tempos: Luís de Camões e Fernando Pessoa.
É a universalidade da língua de Camões que hoje celebramos, em cada uma das literaturas que se formaram ou que desabrocham no interior do espaço da Lusofonia.
Só numa língua com a riqueza e a plasticidade do Português seria possível exprimir uma gama tão variada de sensibilidades e experiências como é a dos povos que adoptaram livremente o Português como sua língua oficial.
A consolidação de cada uma destas novas literaturas, tal como o reconhecimento internacional da sua singularidade, constituem motivo de regozijo para todos nós.
Mas é igualmente importante reforçar, cada vez mais, os laços privilegiados que a existência de uma língua comum tornou possíveis entre os nossos povos, e lutar para que a Língua Portuguesa obtenha, nas instâncias internacionais, o estatuto a que tem direito.
A memória de Camões assim o exige. A qualidade de muitas obras literárias que se escrevem na sua língua e são premiadas com o seu nome assim o reclama. É o caso, desde logo, da obra de Arménio Vieira, que, hoje, homenageamos e a quem quero agradecer, muito reconhecido, o contributo que vem dando para o enriquecimento da língua que nos é comum.
Muito obrigado.