Intervenção do Presidente da República no encerramento do Fórum Empresarial Ibero-Americano
Lisboa, 29 de Novembro de 2009

Quero, antes de mais, felicitar os organizadores desta edição do Fórum Empresarial Ibero-Americano pelo excelente programa que prepararam e saudar todos os participantes que, com a sua presença, quiseram dar o seu contributo para a reflexão sobre alguns dos principais temas que, a partir de amanhã, estarão em debate na Cimeira Ibero-Americana do Estoril.

Registo, com satisfação, que todos reconhecem a importância da inovação empresarial nos nossos dias, e, mais ainda, do seu papel no quadro de uma estratégia de desenvolvimento capaz de sustentar ciclos prolongados de crescimento económico e prosperidade social.

A gestão da presente crise económica e financeira não nos deve fazer esquecer, bem pelo contrário, os desafios que uma economia global coloca à afirmação e ao crescimento das nossas empresas, especialmente às de pequena e média dimensão.

É sabido que a situação conjuntural das economias, assim como a retracção do comércio internacional, fruto de uma crise que alastrou a todo o mundo, tendem a condicionar os níveis de investimento em inovação.

Mas é igualmente conhecido que a melhor forma de suavizar o impacto de flutuações conjunturais passa por uma aposta forte na resolução das debilidades estruturais das empresas. Esta aposta tem de assentar na inovação.

A inovação é, cada vez mais, um sistema aberto, que coloca as empresas no centro de um processo de transformação do conhecimento em novos factores de competitividade.

Um processo que se desenvolve a partir de redes de conhecimento e de competências, muitas delas situadas no exterior das próprias empresas, e onde os investimentos são frequentemente partilhados com organizações concorrentes.

O sucesso das empresas depende, por conseguinte, da capacidade de aceder e aplicar esse conhecimento, dando-lhe expressão material através de novos produtos e serviços, menores custos operativos, melhores práticas de relacionamento com os clientes e maior criação de emprego em sectores de elevada intensidade tecnológica. E é justamente essa capacidade, vital para o futuro das nossas economias, que queremos ver robustecida e ampliada.

Um dos grandes desafios que julgo ser comum à generalidade das economias da Comunidade Ibero-Americana será o de incorporar nas actuais estruturas produtivas uma acrescida intensidade de conhecimento.

Este é um desafio que interpela não apenas os sectores de maior coeficiente tecnológico, mas também, e talvez especialmente, os sectores ditos tradicionais. A inovação apresenta-se, de facto, como um desígnio central a todas as actividades económicas.

Nesta perspectiva, chamaria a atenção para três aspectos que me parecem fundamentais.

O primeiro diz respeito ao aprofundamento das interligações. Isto significa que as empresas têm que conhecer melhor quais são, e onde estão as competências dos distintos agentes dedicados a gerar conhecimento e tecnologia. Daí a necessidade – e o interesse – de termos as empresas a participar, cada vez mais, em processos de aprendizagem e de interacção, potenciando o papel e a utilidade das universidades e aproveitando a sua oferta de conhecimento.

É por isso que vejo no aprofundamento do espaço de inovação das nações ibero-americanas uma oportunidade ímpar para reforçarmos a produtividade e a competitividade das nossas empresas. É possível e desejável intensificar a cooperação entre os actores dos diferentes sistemas de inovação dos nossos países, nomeadamente entre as empresas e as universidades.

O que me traz a um segundo sublinhado: há que incentivar as empresas a assumirem mais decididamente um papel central no sistema de inovação. Não restam dúvidas de que o interesse na procura de novas soluções tecnológicas por parte das empresas constituirá, sempre, o mais eficiente propulsor de qualquer sistema de inovação.

O terceiro e último aspecto refere-se ao carácter multifacetado e abrangente da inovação empresarial. As empresas, mesmo as menos capazes de inovar tecnologicamente, podem ser, de igual modo, veículos de inovação nas suas actividades organizativas, comerciais, de “marketing” e, até, nas suas relações com a comunidade em que se inserem. Acresce que o sucesso das empresas depende não só das suas competências no processo de criação de valor, mas também, e de forma cada vez mais relevante, da capacidade de fazer chegar os seus produtos e serviços a mercados globais.


Minhas Senhoras e meus Senhores,

O advento global da sociedade do conhecimento está a esbater as fronteiras físicas, culturais e políticas que tradicionalmente separavam as empresas, os centros de saber e as instituições do Estado.

Assiste-se ao surgimento de novos Espaços de Conhecimento, nos quais se configuram as relações do futuro.

Faço votos de que a geografia das nações ibero-americanas possa constituir um desses novos Espaços de Conhecimento, e que as empresas inovadoras dos nossos países assumam um papel activo e frutuoso no seu aprofundamento e consolidação.

Muito obrigado.