É com especial satisfação que regresso a Madrid para participar neste V Encontro da COTEC Europa. Agradeço o caloroso acolhimento de Sua Majestade o Rei D. Juan Carlos e saúdo com amizade o Presidente Giorgio Napolitano, que mais uma vez nos acompanha.
O distinto grupo de empresários e gestores que participam neste Encontro é um sinal inequívoco da importância do tema da inovação na agenda da competitividade empresarial.
Este V Encontro COTEC Europa realiza-se num momento em que surgem sinais de recuperação da economia mundial da crise que tão intensamente a abalou nos dois últimos anos, embora subsistam, ainda, algumas incertezas quanto ao ritmo e à abrangência dessa recuperação.
A crise que vivemos nestes últimos anos é uma fonte de lições que não devem ser esquecidas. A avaliação ponderada dos riscos, a transparência nos negócios, e a eficiência na regulação e na supervisão dos sistemas financeiros são, vimo-lo claramente, essenciais ao bom funcionamento das economias e ao próprio desenvolvimento das sociedades.
A capacidade revelada na resposta à crise, e, desde logo, às vulnerabilidades do sistema financeiro internacional, determinará as condições para novas etapas de crescimento económico. Daí que o tempo de combate à crise seja o momento de corrigir erros do passado, combater fragilidades e prosseguir com determinação as reformas estruturais necessárias.
Senhoras e Senhores,
A gestão da presente crise não nos deve fazer esquecer os desafios que uma economia global fortemente concorrencial coloca à afirmação e ao crescimento das nossas empresas, especialmente às de pequena e média dimensão.
Reforçar o conteúdo tecnológico e a cultura de inovação dos nossos tecidos produtivos, que mantêm ainda fragilidades preocupantes, continua a ser um desígnio estratégico comum a Espanha, Itália e Portugal.
Apraz-me, por isso, sublinhar o esforço da COTEC Europa para encorajar as empresas de pequena e média dimensão a ousarem participar em programas transnacionais de investigação e desenvolvimento. Estou certo de que a discussão deste tema no presente Encontro abriu novas perspectivas para a participação de empresas dos nossos países em clusters de inovação e programas-quadro europeus.
Quero, de resto, assinalar o esforço da Comissão Europeia na promoção de políticas de inovação alinhadas com as necessidades dos tecidos produtivos dos diferentes Estados-membros, de que é exemplo o programa-quadro para a competitividade e inovação, especialmente dirigido às pequenas e médias empresas.
Mas penso ser igualmente de recordar, neste contexto, o compromisso assumido pela Comissão Europeia, no âmbito do chamado “Small Business Act”, no sentido de assegurar que as empresas de pequena e média dimensão venham a estar em condições de igualdade com as restantes para tirar partido das oportunidades do mercado único europeu.
A este respeito, considero que a defesa dos valores de acessibilidade, transparência e concorrência justa para as nossas empresas deverá constituir uma das prioridades de actuação da COTEC Europa junto dos poderes públicos europeus.
Senhoras e Senhores,
É inegável o progresso que se tem verificado nos nossos três países em factores determinantes para o potencial de criação de conhecimento e tecnologia. Refiro-me, especificamente, à qualificação dos recursos humanos e ao investimento em investigação.
Os nossos países registaram, há que reconhecê-lo, das maiores taxas de crescimento da despesa em investigação científica, vincadamente superiores à média global da União Europeia. Este progresso não evita, no entanto, que estejamos ainda longe dos níveis de investimento verificados nos Estados-membros com melhor desempenho.
A construção do Espaço Europeu de Investigação, com a livre circulação de investigadores, de conhecimento e de tecnologia, será imprescindível para acelerar o crescimento da capacidade dos nossos sistemas científicos e a convergência com a dinâmica europeia. Quero assinalar, a este propósito, o arranque dos trabalhos de instalação do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, que tive o prazer de, em conjunto com Sua Majestade o Rei de Espanha, inaugurar recentemente em Braga. Trata-se de um bom exemplo do espírito de cooperação que desejamos fortalecer e ver multiplicado noutras áreas científicas de vanguarda.
A inovação é, cada vez mais, um sistema aberto. Constitui um processo que se desenvolve a partir de redes de conhecimento e competências, muitas delas situadas no exterior das próprias empresas.
O efectivo impacto económico da inovação empresarial depende da capacidade de aceder e aplicar esse conhecimento, materializando-o em novos produtos e serviços, em menores custos operativos, em maior criação de emprego em sectores de elevada intensidade tecnológica. E é justamente essa capacidade, vital para o futuro das nossas economias, que queremos ver desenvolvida e ampliada.
A coordenação de esforços, a partilha de ideias e a troca de experiências que emergem dos trabalhos deste V Encontro das Organizações COTEC de Espanha, Itália e Portugal fazem-me crer que, mesmo em tempos conturbados e de renovados desafios, é possível manter o rumo e aguçar o engenho.
Por fim, quero anunciar que a Cotec Portugal aceitou a minha sugestão de realizar o encontro da Cotec Europa do próximo ano na cidade do Porto.
Muito obrigado aos organizadores e a todos os participantes.