Senhor Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas,
Senhor Presidente do Júri,
Participantes do Prémio Empreededorismo Inovador na Diáspora Portuguesa,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Desde o início do meu mandato, tenho tido a preocupação de realçar o mérito dos Portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro e, em especial, o importante papel que desempenham na afirmação de Portugal no mundo, papel esse que tive a oportunidade de testemunhar em múltiplas ocasiões.
Tenho celebrado os aniversários da minha tomada de posse como Presidente da República Portuguesa na companhia dos portugueses residentes no estrangeiro. Foi assim nos dois primeiros anos no Luxemburgo e no Brasil e, já este ano, celebrei o terceiro aniversário com os portugueses da Alemanha.
Por isso me regozijo especialmente ao dar as boas-vindas a um tão destacado grupo de portugueses, a propósito da entrega do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa.
O gesto de se deslocarem ao vosso País de origem, de estarem hoje aqui e de aceitarem o meu convite para participar nas cerimónias oficiais do 10 Junho, reveste-se de um especial significado.
A propósito dos tempos incertos que vivemos, a história mostra-nos que Portugal é feito de uma sucessão de períodos de depressão e de recuperação económica.
Toca-nos, é certo, a actualidade da Mensagem de Pessoa: “tudo é incerto e derradeiro, tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro”. Mas é também sabido que, quando este nevoeiro se abate sobre Portugal, os Portugueses procuram e atingem novas soluções.
Para muitos destes portugueses, a realização destas soluções só foi possível pela saída do seu país natal. É o reconhecimento do valor desses portugueses e da sua ligação com Portugal o motivo que hoje nos reúne aqui.
Diáspora, na etimologia da palavra, significa semear ou dispersar sementes. Os nomeados, representativos de muitos outros casos de sucesso no exterior, são exemplos de boas sementes que frutificaram nas suas sociedades de acolhimento. Portugueses e luso-descendentes que, originários do Algarve à ilha do Corvo, se afirmam nas sociedades onde residem e aí se destacam nos mais variados domínios, desde a actividade empresarial ao mundo académico, da investigação científica à cultura, das profissões liberais à participação cívica e política.
Não é de hoje a capacidade dos Portugueses para inovar e para empreender.
Portugal nasceu sobre o signo da descoberta e da invenção. A descoberta, a criação do nosso País, numa península feita de diversidade, é a primeira marca da capacidade inventiva dos Portugueses.
Como questionava Agostinho da Silva, trata-se de saber se os Portugueses, ao longo da História, inventaram aquilo que iam descobrindo, ou meramente descobriram aquilo que outros inventavam.
É também com este espírito que as obras dos Portugueses nomeados para este Prémio merecem ser conhecidas e reconhecidas. Nas mais variadas partes do mundo, tiveram a capacidade de imaginar e de inventar e realizar novas histórias do Futuro.
São Homens e Mulheres desta fibra que, tocados pela cultura lusitana, têm alargado a grandeza do nome de Portugal por toda a parte, como prova a diversidade de origens daqueles que estão hoje, aqui, a participar neste Encontro.
Este Prémio, cujos vencedores foram agora conhecidos e que calorosamente felicito, foi instituído pela COTEC sob o meu patrocínio. Pretendi, com este gesto, assinalar o respeito e a admiração que me merecem os portugueses e os luso-descendentes que vivem no exterior.
Portugueses que saíram de Portugal e conquistaram posições de relevância nos países de acolhimento, mas que nunca esqueceram a sua origem, o seu berço, e o orgulho de terem nascido em Portugal.
Os Portugueses dispersos no exterior e as suas contribuições tiveram, ao longo da História, e continuam a ter um papel essencial na construção da nossa identidade e da nossa cultura.
As vossas obras, para além da influência na sociedade de acolhimento, revestem-se de grande importância para o desenvolvimento e afirmação da imagem de Portugal, perante si próprio e perante o mundo.
A todos vós, nomeados, exorto-vos a prosseguirem o vosso esforço, e a nele incluir a língua portuguesa.
Quero, hoje de novo, apelar ao que tenho designado por “espírito de portugalidade” - de que este prémio comunga -, esse espírito que nos une e que nos acompanha, para lá das fronteiras do nosso país, até ao mais recôndito lugar onde resida um português. Esse espírito que se mantém vivo na nossa língua e na nossa cultura.
Pretendo, ainda, que este Prémio possa contribuir para sublinhar perante todos os nossos compatriotas a importância do contributo dos portugueses que vivem no estrangeiro para aquilo que nos define como Povo.
Todos os nomeados, e não apenas os vencedores, constituem um estímulo e motivo de orgulho para todos os portugueses.
Como já o fiz em outras ocasiões, peço-vos que não percam jamais a ligação à vossa terra de origem, à terra dos vossos pais e avós, e que continuem a cultivar o uso da língua de Camões e a rever-se nas realizações da cultura portuguesa, de que todos nos orgulhamos.
Contamos com a vossa acção para projectar o nosso país e para promover a nossa terra como um destino de excelência. Contamos, ainda, com o investimento de todos quantos se sintam que o podem fazer.
É bem sabido que o contributo dos nossos emigrantes sempre foi muito importante para a vida económica portuguesa. Neste momento difícil, ele assume uma importância determinante. O futuro de Portugal a todos nós diz respeito e sei que Portugal pode contar convosco.
Mas, e como já afirmei, um Portugal que se sente legitimado para pedir o apoio dos portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro tem que estar à altura de responder às necessidades desses mesmos portugueses e de tudo fazer para promover a sua ligação ao seu País.
É meu firme propósito continuar a contribuir para que os portugueses residentes no estrangeiro e os luso-descendentes possam aumentar a sua participação cívica e política e reforçar os laços que os unem a Portugal.
As diásporas são muitas vezes a “guarda avançada” dos países no mundo, contribuindo decisivamente para a sua projecção.
Portugal necessita, hoje mais do que nunca, da ajuda da sua Diáspora. Mas uma Diáspora representa bem mais do que uma mera população de expatriados. Requer, na verdade, que os membros das comunidades tenham um sentido de pertença e que se sintam identificados com o seu País natal, requer que se cultivem as ligações – familiares, culturais, políticas e económicas - entre essas comunidades e o seu País de origem.
Importa, por isso, estreitar as relações harmoniosas de Portugal à sua Diáspora. Trata-se, como sublinhei anteriormente, de “mobilizar os recursos da Diáspora” para o desenvolvimento de Portugal.
Espero e desejo que o encontro de empreendedores da Diáspora com os que vivem em Portugal possa contribuir para a criação de novas e frutuosas relações e para uma maior afirmação de Portugal no plano internacional.
Diz-se que cada país se inventa a si mesmo e que cada povo é a invenção de cada país. Se, no passado, Portugal imaginou e inventou o “Quinto Império”, Pessoa encontrou-o na História do passado e o Padre António Vieira na História do Futuro. No espaço da intemporalidade, juntou-se Camões.
A questão que hoje temos pela frente, mais do que filosófica, é de índole prática: teremos que interpretar, como povo, se hoje está dentro de nós, nas nossas capacidades, não apenas imaginar mas inventar e pôr em prática um novo futuro. “É a Hora!”, como proclamou Pessoa.
Empreender é realizar a história do Futuro. Só um grande país, feito de mulheres e homens de grande alma e coração, pode sonhar os sonhos que lhe são maiores. É por tudo isto que, com grato prazer, vos dou as boas-vindas a Portugal e felicito calorosamente os premiados.