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Em Junho de 2008, quando tive o enorme gosto de inaugurar “a casa longe de casa” em Lisboa, disse:

- quero acreditar que esta casa construída pelo amor é apenas a primeira de um projecto que vai continuar.

Em Novembro de 2010, no lançamento da primeira pedra no Porto, repeti a frase.
Que volto a repetir agora porque hoje, 20 de Novembro de 2013, estamos a cumprir esse desejo.

Um desejo concretizado com a ajuda de muitos que já foram aqui nomeados e a quem queremos e devemos agradecer.

Dizem que os nossos tempos são ingratos, e que as pessoas olham pouco para o que se faz e olham muito para o que falta fazer.

Se me permitem, não concordo.

Vejo todos os dias no meu país exemplos de pessoas que olham à sua volta e deitam mãos à obra.

E deitar mãos à obra, tantos em regime de voluntariado, é uma forma muito bonita e muito concreta de agradecer. Para lá das palavras, são pessoas que querem agradecer fazendo, indo para o terreno, para onde sentem que a sua ajuda faz mais falta.

A obra que inauguramos hoje, e tantas outras que vão nascendo, crescendo, é uma prova concreta de que Portugal é mesmo um país solidário. Um país onde há muitas almas de boa vontade que não deixam cair os sonhos em saco roto.

Onde, apesar das nossas dificuldades, ainda temos mãos para ir acudir mundo fora, onde achamos que há necessidades ainda mais graves do que as nossas.

O Sr. Engenheiro Sá Nogueira, muito de acordo com a sua profissão, pegou nas pedras e no castelo que eu tinha espalhado nas minhas anteriores intervenções, pediu ajuda ao Pessoa com mais umas pedras no caminho – essas temos sempre que contar com elas - e aqui temos o resultado: mais uma casa longe de casa.

Não vale a pena andarmos com a pedra no sapato, já que temos tão bons usos para ela.

Bem haja, Sr. Engenheiro, por nos mostrar a todos que, pedras há muitas, só é preciso pô-las em cima umas das outras para termos mais uma casa.

É uma espécie de sopa de pedra. A pedra é só o pretexto, o que interessa mesmo é o que fazemos com ela.

E a Fundação Ronald McDonald já tem 300 casas no mundo, 72 na Europa, 2 em Portugal.

Como não há duas sem três, cá ficamos à espera do nosso terceiro castelo encantado, onde os nossos meninos possam ser aconchegados como merecem.

Mas o que interessa hoje, para lá de sonhar mais longe, é regozijarmo-nos com este sonho realizado.

E muito obrigada por me quererem ter convosco nesta cidade do Porto, que é toda ela um coração aberto, num momento em que estamos todos muito felizes por sabermos que agora aqui a dor será mais suportável.

Mais uma porta aberta para acolher, em família, os que estão em momentos mais frágeis das suas vidas tão pequeninas ainda.
Aqui o colo é mais quentinho e o remédio não amarga tanto.

Obrigada a todos por, já tão perto do Natal, terem proporcionado aos meninos e meninas um presente tão bonito.

É o presente do Menino Jesus a chegar antes do frio de Dezembro.

 Maria Cavaco Silva