Cerimónia da 12ª Edição da Entrega do Prémio Mulher Activa
Hotel Pestana Palace, 15 de Junho de 2012

Mais vale mais tarde do que nunca e cá estamos de novo, agora em Junho, em vez de Maio ou Março.

Activas como sempre, e a prestar a nossa homenagem, como desde 2001, a mulheres de quem ninguém ouviria falar se não fosse esta bela iniciativa.

Os tempos vão duros, todos sabemos disso, e em dias de festa talvez não seja muito bonito recordá-lo. Faço-o apenas porque sei que foi mais difícil chegar aqui. E foi preciso muita teimosia, muita persistência, muito acreditar que seria possível.

A esse grupo de pessoas que tanto trabalhou para estarmos aqui hoje reunidos em mais um prémio Mulher Activa, quero dizer obrigada! Obrigada por não terem desistido, por terem acreditado. Por nos mostrarem que quanto mais difícil é mais gosto dá conseguir.

Até aqui tivemos onze premiadas em várias áreas. São elas que dignificam e dão sentido a este prémio e não o contrário.

Este ano, mais uma vez, temos um grupo de mulheres que exercem a sua atividade, com dedicação e eficácia, em algumas áreas que até aqui não tinham sido consideradas.

Que tal essa área que até há pouco tempo esteve guardada só para homens e de “barba rija” como diz a Isabel Jonet?

Para a Ana Paula esse é o seu dia a dia e dele fez um mundo novo para si própria, para os que lá trabalham, para os que lá têm de passar algum tempo.

E desse projeto o que chamou mais a minha atenção foi a sua ligação aos Bancos Alimentares.

É este o caminho: redes de ligação entre os nossos esforços de boa vontade, que assim conseguirão sempre fazer mais e melhor.

E é disso que se trata, principalmente agora: multiplicar os resultados de todos os esforços de boa vontade.

No ano em que celebramos o envelhecimento ativo e a solidariedade entre gerações, que melhor exemplo podíamos ter aqui hoje do que a Maria Antónia na frescura dos seus anos que não querem parar? É assim mesmo, Maria Antónia, e obrigada também pela lição que nos dá sobre voluntariado: boa vontade, sendo a base, não chega. A preparação é fundamental para nos tornarmos verdadeiramente úteis, seja qual for a área a que nos queiramos dedicar.

Preparou-se, fez cursos porque sentiu logo, muito sensatamente, que, na área tão difícil em que queria trabalhar, se não estivesse preparada poderia por vezes ser mais um empecilho do que uma ajuda. Felizmente é essa cada vez mais a atitude dos que querem entrar nas fileiras do voluntariado.

Os Estabelecimentos Prisionais estão muito longe dos conceitos antigos de castigo puro e duro e é bom saber que a Ana Paula tem feito carreira numa área difícil e considerada pouco feminina. Parece-me, no entanto, que ajudar pessoas a mudar de vida é uma tarefa em que qualquer mulher se sente como peixe na água.

E a Ana Paula já mostrou há muitos anos que sabe nadar…

Gostei muito do nome da sua associação, Sofia, e quero dizer-lhe que acho que os portugueses são bastante bons em dar mimo. E isso ajuda tanto em momentos de fragilidade!

Mimar crianças, mimar doentes, mimar o ambiente, mimar adultos em situações complicadas.

Talvez seja essa a nossa diferença. Quando estamos mais vulneráveis e infelizes, usamos também como terapia abraços de alma.

Parece que ajuda. E fazer mal não faz.

A Alexandra vive e trabalha na minha terra de eleição, o Algarve. Lá nasci, menina e moça me trouxeram para a cidade, mas deixei lá o coração para sempre.

Pessoalmente parece-me, portanto, um ótimo ponto de partida para a cruzada que empreendeu em nome da salvação do nosso, até agora que se saiba único, querido planeta azul.

Sou, sempre fui, uma ambientalista militante nos pequenos gestos do quotidiano e concordo consigo, Alexandra: concentremo-nos no muito que foi feito para não desanimarmos com o que falta fazer.

Quando era pequena fazia-se pouco mas estragava-se pouco. Agora que estragamos muito, temos que fazer muitíssimo. Mãos à obra!

Sandra, a sua campanha da APSI deve ter sido muito bem pensada, porque foi muito eficaz. Ainda hoje nos lembramos da imagem do ursinho de rabo para o ar e nariz dentro de água. E isso é apenas um dos grandes acidentes que pode atingir as nossas crianças. Todos os anos os números de afogamento de crianças muito pequenas em piscinas assustam-nos e amarguram-nos. Mas há tantas outras coisas más que podem acontecer.

No alertar é que está o ganho. É o que podemos fazer, é o que a APSI faz e se a Sandra diz que com o judo aprendeu a perder um combate, este é um combate que não podemos perder. Porque é um combate de vida ou de morte e a vida tem que ganhar.

Mulheres que nos ajudam a sermos melhores, a olhar o mundo duma maneira mais rica, mais positiva, mais fraterna. Obrigada por nos mostrarem o caminho. Vários caminhos.

Deixem-me terminar, como sempre o faço desde 2006, com a frase:
Tenho muito, muito orgulho nas mulheres do meu país..


Maria Cavaco Silva