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Inauguração de exposição de Manuel Baptista
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INTERVENÇÕES

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II Fórum Empresarial das Mulheres Portuguesas (5)
II Fórum Empresarial das Mulheres Portuguesas (2)

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INTERVENÇÕES

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Discurso da Drª Maria Cavaco Silva na Sessão de Abertura do II Fórum Empresarial das Mulheres Portuguesas subordinado ao tema "Empreendorismo e Inovação"
Lisboa, 12 de Outubro de 2006
Sempre que sou solicitada para estar presente em qualquer evento de carácter empresarial, a minha primeira reacção é pensar que me vou sentir deslocada, porque esse nunca foi o meu mundo, como todos sabem.

Partindo o convite de um Fórum Empresarial de Mulheres, a resposta só podia ser sim. Embora pensasse cá para mim que pouco percebia do mundo empresarial e também talvez já fosse um pouco tarde para aprender.

No entanto, quando recebi 3 elementos entusiastas do Fórum a tentar explicar-me do que se tratava, houve uma coisa que entendi ao fim de pouco tempo de troca de impressões: a ousadia e a inovação no campo empresarial estavam a passar por cabeças femininas.

Novas ideias, novas formas de as pôr em prática, muito engenho e arte para fazer muito com pouco dinheiro.

Por isso fez-me logo sentido que a ideia, que sempre achei magnífica, do microcrédito, que começou no Bangladesh, tivesse sido no seu início principalmente dedicada às mulheres, e com o maior êxito.

O fundador do microcrédito, o Dr. Muhammad Yunus, conhecia bem o mundo que queria ajudar. Ele sabia, quando emprestou os primeiros 27 dólares, do seu próprio bolso, às mulheres da aldeia que se dedicavam ao artesanato em bambu, que era por aí o caminho. A melhoria do rendimento das mulheres ia inevitavelmente repercutir-se nas suas famílias e quebrar o ciclo da miséria.

As mulheres afinal são todas empresárias de pequenas empresas – empresárias familiares. Com a obrigação e preocupação de não deixarem as suas famílias abrirem falência porque elas sabem que uma família falida passa fome.

Que melhor escola para voos mais altos e que campo mais vasto para encontrar novas ofertas de serviços?

Por todas estas razões, e mais algumas que não vou agora enumerar, foi com muito gosto que aceitei presidir à sessão de abertura deste II Fórum Empresarial das Mulheres Portuguesas.

Afinal talvez até eu seja também uma pequena empresária, sem o saber.

As mulheres têm capacidades, tantas vezes pouco ou mal conhecidas e reconhecidas de dirigirem e rentabilizarem um sem número de actividades, que podem, com uma pequena ajuda, alargar a uma empresa onde apliquem os conhecimentos adquiridos com as necessidades do dia-a-dia.

Todas nós sabemos como são diversificadas as competências para que somos chamadas ao longo da nossa vida.

Para lá da profissão, que quase todas já temos, somos cozinheiras, enfermeiras, motoristas, electricistas, tratadoras de roupa, socorristas, secretárias, especialistas em aquisições de carnes, peixes, vegetais, material escolar, roupas para sexos e idades diferentes, terapeutas de adolescentes e terceira idade, etc, etc, etc.

Tantas competências que fazem parte dos atributos imaginados, e às vezes quase exigidos, para a “fada do lar”!

Tendo as participantes neste Fórum um tal “background”, não duvido que vão ter um merecido êxito.

Acresce que o Fórum foi desenhado em torno de casos práticos de sucesso, o que me parece um bom sinal contra a tendência para a lamúria.

Deve ser este o caminho. Contra os velhos do Restelo, nada melhor do que responder com exemplos concretos do que se faz no nosso país, do que somos capazes de fazer bem ou talvez mesmo melhor do que os outros.

Para os mais jovens este encontro pode ser muito inspirador, porque mostra que o sucesso é possível, às vezes a partir de ideias muito simples.

Estou sinceramente convencida de que as mulheres trazem um valor acrescentado de entusiasmo e imaginação ao mundo do trabalho e dos negócios.

O seu sentido prático pode ser uma mais valia para melhorar as práticas e, o que me parece muito importante, contribuir para um ambiente mais humanizado nas empresas. Chamem-lhe, se quiserem, o “toque feminino”.

A taxa de participação das mulheres portuguesas no mercado de trabalho nacional é das maiores da União Europeia, superando a média dos 25 países.

Sabemos todas, no entanto, como tantas vezes nos é difícil conciliar a vida profissional com a vida familiar, problema de que não ouvi ainda nenhum homem queixar-se.

O elogio da inovação, a aposta na juventude, a mensagem de dinamismo e de esperança no futuro vão ser, estou certa, pontos fortes neste Fórum.

Isso vai constituir um estímulo forte para que a integração e afirmação das mulheres no mundo empresarial seja cada vez mais relevante, e mais compensadora.

Resta-me desejar que os trabalhos corram como todas desejam.

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