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Inauguração do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas, Casa Caçula
Inauguração do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas, Casa Caçula
Lisboa, 15 de Maio de 2012 ler mais: Inauguração do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças Refugiadas, Casa Caçula

INTERVENÇÕES

Intervenções da Dra Maria Cavaco Silva

INTERVENÇÕES

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Intervenção da Dra. Maria Cavaco Silva na Inauguração da Casa Ronald McDonald
3 de Junho de 2008

A nossa casa é o nosso castelo.

Para as crianças será mesmo um castelo encantado, onde o mundo real e o mundo de faz de conta andam de mãos dadas por todos os cantos e recantos.

Conseguimos imaginar o que se passa na cabeça de uma criança quando esse mundo desaba de um momento para o outro? Parece-me que não.

As razões podem ser várias, mas a que nos preocupa aqui hoje é uma bem difícil: a doença.

A doença que dói no corpo, mas pode doer ainda mais no afastamento brusco do mundo do dia a dia que preenchia e afagava a vida da criança.

O ir para a escola, o brincar com os amigos, o aconchego dos gritos, bulhas e afagos dos irmãos no regresso a casa.

Tudo isso pode ruir de um momento para o outro e deixar um vazio tão grande na alma da criança que tornará mais cruel ainda tudo o que será preciso fazer para que ela recupere a saúde.

A criança não consegue perceber plenamente o que lhe está a acontecer e achará de uma enorme injustiça que a afastem das referências do seu quotidiano.

Essas são as pedras do seu castelo, onde se apoia para conseguir realizar o melhor que souber e puder a sua tarefa – a mais importante do mundo – que é viver e crescer.

Como poderá crescer e ter alegria se o seu mundo de todos os dias lhe aparece completamente de pernas para o ar.

Agarra-se com as forças que tem ao aconchego do colo e dos carinhos dos pais ou de outras caras familiares e amigas que lhe acompanham agora os dias no ambiente, que lhe é estranho, do hospital, mas sentirá lá no fundo que lhe falta qualquer coisa.

Nós estamos todos reunidos aqui hoje precisamente para inaugurarmos “uma casa longe de casa”.

Está longe mas é uma casa e isso, nos momentos complicados, faz toda a diferença do mundo.

Uma casa é um colo, um abraço, um remédio contra o desconforto e a dor.

O hospital onde nos tratam está suficientemente perto para podermos lá chegar rapidamente sempre que for preciso, mas suficientemente longe para o podermos esquecer quando isso for mais importante do que saber que está perto.

A Fundação Infantil Ronald McDonald percebeu através de exemplos vividos – são normalmente os exemplos vividos que nos levam mais longe – que era possível minorar a situação das crianças que precisam de tratamentos prolongados.

E estamos hoje a inaugurar a primeira “casa longe de casa”, junto ao Hospital D. Estefânia, um hospital pediátrico de referência e longo caminho percorrido.

Com muitos homens bons envolvidos, permitam-me que use a bonita expressão medieva, e muitos apoios angariados, temos o nosso primeiro “castelo” pronto a receber os seus habitantes, que lhe vão descobrir os cantos e recantos e esquecer um pouco o lobo mau que espreita lá fora.

Bem hajam todos pelo vosso envolvimento solidário neste projecto.

Que não termina agora. Bem pelo contrário: vai começar a partir daqui o seu verdadeiro papel.

Não tenho dúvidas que vai ser o porto de abrigo que as crianças e suas famílias precisam.

E também quero acreditar que esta casa construída pelo amor é apenas a primeira de um projecto que vai continuar.

Enquanto houver crianças e famílias que precisem de ter uma “casa longe de casa”.

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