Intervenção do Presidente da República Portuguesa por ocasião do Banquete oferecido em Honra do Presidente da República Oriental do Uruguai
Palácio da Ajuda, 19 de Setembro 2007

Senhor Presidente da República do Uruguai, Excelência
Senhora Dona Maria Auxiliadora Delegado Vázquez
Excelentíssimas Autoridades
Ilustres convidados,

É com grande satisfação que Minha Mulher e eu acolhemos Vossa Excelência, Senhor Presidente, e Sua Mulher, nesta visita a Portugal, que responde ao convite que tive a honra de lhe dirigir, no ano passado, por ocasião da XVI Cimeira IberoAmericana, em Montevideu.

Portugal recebe Vossa Excelência enquanto Chefe de Estado de um País a que nos ligam laços de profunda amizade, assentes numa convivência secular e numa afinidade de propósitos quanto ao futuro que queremos para o nosso relacionamento bilateral e para o mundo de amanhã.

Mas Portugal recebe-o, também, na sua qualidade de Presidente pro tempore do MERCOSUL, numa altura em que o meu país exerce a Presidência do Conselho da União Europeia e em que estão em curso importantes negociações com vista à celebração de um Acordo entre as duas Organizações.

Dificilmente se poderia encontrar melhor símbolo da forma como entendemos o nosso relacionamento bilateral do que a Colónia de Sacramento, que tive a oportunidade de visitar. Pelo empenho comovente com que ali é preservada, todos os dias, uma memória histórica, e também pela inteligência com que esse legado, hoje Património da Humanidade, é capitalizado enquanto importante factor de progresso. É isto que queremos para as relações entre os nossos dois países: preservar a memória em que assentam e, com base nela, tirar partido das múltiplas potencialidades que o presente e o futuro nos oferecem.

Um presente e um futuro que deverão passar por maior diálogo e cooperação em áreas de mútuo interesse. Portugal vê no Uruguai um parceiro com o qual deseja, no contexto da sua política de relacionamento com a América Latina, estreitar laços e promover novas formas de entendimento.

Os Acordos que serão assinados durante a visita de Vossa Excelência, nas áreas da Defesa, da Saúde e da Cooperação Económica representam um importante passo nesse sentido, a que outros deverão somar-se, esperamos que a breve trecho, nas áreas da Justiça e da Cultura.

Relativamente à Cultura, não posso deixar de sublinhar os esforços que têm sido encetados no sentido da promoção e divulgação da língua e da cultura portuguesas no Uruguai.

Sei que, a par com a língua inglesa, o Governo uruguaio pretende privilegiar o ensino da língua portuguesa, a terceira língua europeia no mundo, falada por mais de 250 milhões de pessoas, espalhadas pelos cinco Continentes. Asseguro-lhe, Senhor Presidente, o empenho do Estado português em cooperar neste tão importante domínio, como, aliás, já se reflecte nas iniciativas que a Embaixada de Portugal e o leitorado do Instituto Camões têm, nos últimos tempos, e com assinalável sucesso, vindo a desenvolver.

Mas o fortalecimento dos laços entre dois países depende igualmente de uma intensa e profícua relação nos domínios económico e comercial. Trata-se de áreas onde estamos ainda muito longe do que podemos fazer juntos.

Nessa perspectiva, quero saudar a significativa delegação empresarial que acompanha Vossa Excelência e o sinal que representa a sua presença entre nós. Numa iniciativa da maior importância, terá lugar amanhã um encontro que reunirá os empresários uruguaios que acompanham Vossa Excelência e um importante grupo de empresários portugueses com interesses no Uruguai, ou que vêem no Uruguai um potencial destino comercial ou de investimento.

Não tenho dúvidas que, em sectores tão distintos como o turismo, os biocombustíveis e outras energias renováveis, a construção, a indústria da madeira ou as tecnologias da informação, existem hoje oportunidades de negócio que urge aproveitar.

Senhor Presidente,

As relações internacionais actuais não se limitam ao campo estritamente bilateral. A integração regional é hoje uma realidade que a todos interessa promover e fomentar. Dela depende em muito o nosso desenvolvimento social e económico.

Num momento em que Portugal detém a Presidência do Conselho da União Europeia e o Uruguai a Presidência pro tempore do Mercosul esta visita deve ser aproveitada para reforçar os laços entre os nossos dois blocos regionais.

Portugal tem sido, desde há muito, um defensor da aproximação entre a União Europeia e o Mercosul. Não posso deixar de recordar que a primeira Reunião Ministerial entre as duas Organizações teve lugar em 1992, em Guimarães, durante a primeira Presidência Portuguesa.

Pouco importa agora discorrer sobre as razões que têm obstado a um maior fortalecimento desta relação. Importa, sim, sublinhar o interesse e a vontade da Presidência Portuguesa da União Europeia e da Presidência Uruguaia do MERCOSUL em dar passos firmes no sentido desse reforço, contando para tal com o empenho da Comissão Europeia.

A aproximação entre os nossos dois blocos regionais pode bem decorrer em paralelo com o desejado reforço das relações económicas noutros fora multilaterais. Não são, de forma alguma, processos incompatíveis. Antes pelo contrário, podem ser concomitantes e mutuamente proveitosos. Cabe-nos, pois, procurar vias e soluções que aproximem a 1ª e a 4ª áreas económicas mundiais, abarcando mais de setecentos milhões de pessoas.

Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores,

São múltiplas as oportunidades que se oferecem ao reforço do relacionamento entre Portugal e o Uruguai, entre a União Europeia e o MERCOSUL. Creio, sinceramente, que temos razões para estar optimistas quanto ao futuro.

Peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde do Presidente Tabaré Vázquez e da Senhora Dona Maria Auxiliadora Vázquez, à prosperidade do Povo amigo do Uruguai, e ao futuro das relações entre os nossos dois Países e entre a União Europeia e o MERCOSUL.