Bem-vindo à página ARQUIVO 2006-2016 da Presidência da República Portuguesa

Nota à navegação com tecnologias de apoio

Nesta página encontra 2 elementos auxiliares de navegação: motor de busca (tecla de atalho 1) | Saltar para o conteúdo (tecla de atalho 2)
Visita ao Centro de Formação  da Escola da Guarda (GNR)
Visita ao Centro de Formação da Escola da Guarda (GNR)
Portalegre, 11 de fevereiro de 2016 ler mais: Visita ao Centro de Formação  da Escola da Guarda (GNR)

INTERVENÇÕES

Clique aqui para diminuir o tamanho do texto| Clique aqui para aumentar o tamanho do texto
Discurso do Presidente da República por ocasião da
Visita à Fundação de Serralves
Fundação de Serralves, 3 de dezembro de 2014

É com muito prazer que estou aqui hoje, na cidade do Porto, quando passam 25 anos sobre a criação da Fundação de Serralves e 15 sobre a abertura do Museu de Arte Contemporânea, um dos seus espaços emblemáticos.

Vim, antes de mais, pelo reconhecimento que merece aquilo que a Fundação fez, em tão pouco tempo, em prol do desenvolvimento cultural e económico e da própria projeção internacional da cidade, da região e do País.

Mas vim, também, devo confessá-lo, pelos laços que me ligam pessoalmente, quer ao aparecimento deste projeto, quer à instalação dos vários polos de atividade que integram hoje o conjunto arquitetónico e paisagístico em boa hora classificado como Património Nacional.

Estive aqui, a primeira vez, como primeiro-ministro, logo em 1987, no dia em que se abriu ao público a Casa e o Parque de Serralves, núcleo inicial do que viria a ser, dois anos mais tarde, a Fundação.

Nessa altura, o Estado já tinha adquirido os terrenos e definidos os objetivos que deveriam presidir à futura instituição, e que estão claros no decreto-lei por mim assinado, em junho de 1989.

Em primeiro lugar, era preciso criar um museu que acolhesse e conservasse o vasto acervo de arte moderna e contemporânea que o património nacional tinha vindo a acumular, mas que se encontrava disperso e, por esse motivo, inacessível aos cidadãos.

Em segundo lugar, era preciso encontrar um modelo institucional suficientemente flexível para permitir quer o envolvimento da sociedade civil num projeto de dimensão nacional, quer o espírito de iniciativa que se exigia do novo museu, em particular no intercâmbio com instituições congéneres, em Portugal e no estrangeiro.

Foi à luz destes propósitos que a opção pelo Porto veio a impor-se. Bastariam, se outros motivos não houvesse, a história da cidade e o dinamismo económico da região.

Havia, no entanto, um outro motivo, porventura ainda mais pertinente, que era o facto de a cidade ser, desde há muito, uma referência no domínio do ensino artístico em Portugal.

Foi na Escola de Belas Artes do Porto que se iniciaram muitos dos nossos pintores e escultores dos séculos XIX e XX.

Graças a uma política de atribuição de bolsas no estrangeiro aos melhores alunos, em que a Escola foi pioneira, alguns desses artistas puderam depois prosseguir os seus estudos em Paris, ou em Roma, colocando assim a cultura portuguesa em contacto com as vanguardas europeias.

Foi também aqui, na Escola de Belas Artes, que nasceu e se desenvolveu aquela que é hoje conhecida, em todo o mundo, como a «Escola do Porto», uma das mais prestigiadas no domínio da arquitetura, a que pertencem, entre outros, nomes como Siza Vieira e Souto de Moura, qualquer deles já galardoado com o Prémio Pritzker, a mais alta distinção internacional para um arquiteto.

Por essas razões, o Porto era, de algum modo, o destino natural de um projeto como aquele em que pensávamos.

O que se pretendia, de facto, não era instalar mais uma instituição dependente do Estado, mas sim um polo a que se juntassem entidades e pessoas da sociedade civil, capazes de lhe imprimir uma dinâmica cultural e social que colocasse o País na rota dos movimentos artísticos e culturais mais avançados.

E o Porto apresentava todas as condições para responder a esse desafio.

Senhor Presidente do Conselho de Administração,
Senhor Presidente do Conselho de Fundadores,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

Volvido um quarto de século, é com enorme satisfação que olhamos para a forma como o projeto não apenas se concretizou, como alargou os seus horizontes.

Assente numa parceria que integra, além do Estado, várias empresas e particulares que se constituíram como fundadores, e cujo número tem vindo a crescer, a Fundação renovou os seus espaços iniciais, em particular o Parque de Serralves, que foi recuperado por alguns dos nossos melhores arquitetos paisagistas.

Além disso, construiu de raiz o edifício do museu, que tem a assinatura de Siza Vieira.

E continua a desenvolver, com a desejável independência face ao poder político e aos interesses privados, todo um vasto e bem-sucedido programa de formação de públicos e de sensibilização para as questões da arte, da cultura e do ambiente.

Os resultados deste programa não podiam ser mais satisfatórios, se tivermos em conta a coleção de arte que a Fundação tem hoje no seu património; as memoráveis exposições que foram apresentadas e que transformaram Serralves num ponto obrigatório dos roteiros turísticos internacionais; os prémios que entretanto acumulou, designadamente em 2012 e 2013; e, acima de tudo, os milhões de visitantes que por aqui passaram ao longo destes 25 anos.

Mas a Fundação de Serralves, sendo inequivocamente uma das principais instituições portuguesas de cultura e, além disso, uma referência no meio artístico internacional, é também um caso de sucesso em termos de impacto económico, através da qualificação e do aumento global do turismo que tem vindo a gerar.

A este propósito, gostaria de sublinhar a importância que Serralves atribuiu, desde o início, à questão da articulação da produção e divulgação da cultura com a sua inserção no tecido económico, trazendo com frequência essa matéria à reflexão pública e dando o exemplo de uma gestão dinâmica e equilibrada.

Foi aqui que se realizou, há precisamente 10 anos, a I Conferência Internacional sobre Arte e Empresa. É aqui que está instalada, desde 2008, uma incubadora de projetos inovadores no domínio das indústrias criativas.

Faço votos para que o itinerário até aqui percorrido se prolongue por muitos anos, com a mesma lucidez na decisão, o mesmo empenho no projeto e cada vez mais sucesso nos resultados.

Num ato de reconhecimento do Estado à instituição, aos seus dirigentes e a todos quantos aqui trabalham, pelo inestimável contributo que têm dado à cultura e à sociedade portuguesas, decidi atribuir à Fundação de Serralves o título de Membro Honorário da Ordem de Sant’Iago da Espada e é com muito gosto que irei entregar as respetivas insígnias ao Presidente do Conselho de Administração.

Muito obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.