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Nova Iorque, EUA, 28 de setembro de 2015 ler mais: Assembleia Geral das Nações Unidas

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República por ocasião da Homenagem à Indústria do Calçado - 3.ª Jornada do Roteiro para uma Economia Dinâmica
Guimarães, 14 de novembro 2014

Em nome de Portugal, presto hoje homenagem aos empresários da indústria do calçado pelo seu contributo para a economia portuguesa e para a projeção internacional do País.

No âmbito dos Roteiros para uma Economia Dinâmica que tenho realizado, dedico todo o dia de hoje à Indústria do Calçado.

Trata-se de um sector que se destaca no nosso panorama industrial pela visão dos seus empresários e pela capacidade de construção e afirmação de um espaço próprio no mercado global.

Em tempos difíceis, o sector do calçado soube substituir as lamentações por iniciativas proactivas e estratégias adequadas de crescimento, apostando na investigação e na inovação. O individualismo deu lugar à partilha e à cooperação competitiva, e, em lugar da rotina comercial passiva, enveredou por uma presença concertada e afirmativa nos mercados internacionais.

Estamos, pois, perante uma indústria que soube pôr em marcha um modelo dinâmico, sustentado e pragmático de desenvolvimento integrado, um modelo que merece ser reconhecido e estudado como exemplo a seguir por outras áreas da indústria e do empreendedorismo nacional.

A indústria portuguesa de calçado viveu, nos últimos 30 anos, uma profunda mudança. De sector tradicional de mão-de-obra intensiva e baixo valor acrescentado, transformou-se numa das indústrias mais dinâmicas, modernas e expansivas da economia portuguesa, exportando cerca de 95 por cento da sua produção.

Em meados da década de 90, com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), o mundo do calçado alterou-se radicalmente. O peso relativo da Ásia na produção de calçado passou, em pouco mais de vinte anos, de 45 por cento para 87 por cento do total. Só a China passou a representar 61 por cento da produção mundial de calçado, contra 17 por cento duas décadas antes.

A Europa, que assegurava no final da década de oitenta 34 por cento da produção mundial, passou a representar apenas 3 por cento do total produzido à escala internacional.

Os fabricantes e as grandes marcas multinacionais transferiram as suas produções de série e de maior dimensão para países asiáticos, atraídos pelos baixos custos de produção e pelo acréscimo competitivo que as margens assim obtidas criariam nos mercados.

Os empresários do sector do calçado em Portugal encararam com coragem e serenidade a ameaça que se lhes colocava e ultrapassaram-na com inteligência e determinação.

Apostaram em produtos de maior valor acrescentado como forma de escapar à concorrência pelo preço. O desenvolvimento de novas tecnologias permitiu aumentar a produtividade e a competitividade através da melhoria da flexibilidade e da capacidade de resposta das empresas.

A nossa indústria de calçado tornou-se a mais moderna do mundo no fabrico de artigos de moda de gama média/alta. Conquistou reputação à escala mundial através de uma campanha de imagem criativa, sofisticada e diferenciadora.

A rede de inovação do cluster do Calçado foi responsável pelo lançamento de muitos novos materiais únicos no mundo. A incorporação destes materiais avançados possibilitou o fabrico de calçado de elevado desempenho, satisfazendo critérios rigorosos de qualidade, conforto, segurança e proteção ambiental.

Hoje o sector do calçado conta com cerca de 1.700 empresas, responsáveis por mais de 41.000 postos de trabalho e exporta 95 por cento da produção para 150 países. Em 2013, as exportações ultrapassaram, pela primeira vez, a barreira dos 1.700 milhões de euros, tendo crescido 8 por cento e dando um contributo de cerca de 1.300 milhões de euros para o saldo da balança comercial. O calçado português detém o segundo maior preço médio comparado do mundo, como resultado da reputação de qualidade, sofisticação e criatividade conquistada à escala internacional.

As exportações estão a crescer em praticamente todos os mercados. As exportações para os países fora da União Europeia mais do que duplicaram nos últimos quatro anos. Verificaram-se significativos crescimentos em mercados como a China, os EUA, o Japão ou a Rússia.

O sucesso da indústria do calçado é um fator de confiança no futuro do País, a que se juntam outros indicadores positivos recentemente divulgados.

Desde logo o significativo aumento do emprego verificado no 3.º trimestre e o crescimento da produção em 1%, hoje revelado pelo INE, a que se junta a divulgação, por um think tank inglês, do índice de prosperidade que coloca a Noruega em 1.º lugar, a Suíça em 2.º lugar e Portugal na 27.ª posição entre 142 países, que representam 96% da população mundial. Face ao negativismo que diariamente se difunde na comunicação social e nos discursos, não deixa de nos trazer algum conforto sabermos que apenas 26 países do mundo são mais prósperos do que Portugal, um mundo que tem mais de 190 paises.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Quero deixar aqui, bem sublinhada, uma palavra de reconhecimento aos empresários do sector do calçado, à sua Associação Sectorial, a APICCAPS, e ao Centro Tecnológico do Calçado, pelo trabalho conjunto que têm vindo a realizar, responsável pelo sucesso conseguido e pelos benefícios que tem trazido ao País.

Em julho de 2013, foi-me apresentado pela direção da APICCAPS o novo plano estratégico / 2020, resultado de meses de reflexão conjunta de uma vasta equipa de técnicos e empresários em aprofundado diálogo com entidades do sistema científico e tecnológico e das universidades.

Tomei boa nota de que o sector não pretende descansar sobre o sucesso alcançado e que continua a explorar com ambição novas trajetórias de modernização, sustentadas, como até aqui, na coesão do sector, na partilha do conhecimento e da inovação, em parcerias empresariais inteligentes, na competência, no profissionalismo, na aposta em novos talentos e na internacionalização.

E foi-me há pouco dado conhecimento que a APICCAPS e a Federação dos Sindicatos que representa os trabalhadores da indústria do calçado chegaram a acordo para a revisão do respetivo Contrato de Trabalho.

A APPICAPS considera que este era o momento de a indústria partilhar os bons resultados que tem atingido com os trabalhadores.

O acordo, que me dizem será assinado na próxima semana, prevê uma atualização da massa salarial da ordem dos 3,5%.
Numa área da economia que tanto tem contribuído para a redução do desemprego, só posso felicitar empresários e trabalhadores pelo acordo alcançado.

Foi por tudo isto que decidi dedicar todo o dia de hoje ao sector do calçado e prestar-lhe, em nome de Portugal, o reconhecimento, o elogio e a homenagem de que é justamente merecedor.

O presidente da APICCAPS, o Sr. Fortunato Frederico, a quem a indústria do calçado muito deve, foi condecorado em 2005 e a própria APICCAPS em 2009. Tomei a decisão de hoje distinguir outras personalidades que se destacaram, por mérito próprio, e que, além disso, corporizam a dinâmica e o espirito de unidade que impera na Indústria do Calçado Nacional. Através delas, presto tributo a todos os industriais do calçado.

Agradeço a vossa presença e, a todos, desejo os maiores sucessos pessoais e profissionais.

Obrigado.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.