Intervenção do Presidente da República no almoço oferecido em honra de Suas Majestades os Reis de Espanha
Palácio Nacional de Queluz, 7 de julho 2014

É uma imensa satisfação e, simultaneamente, uma honra acolhermos Vossas Majestades em Portugal neste primeiro périplo de Visitas de Apresentação. Sede muito bem-vindos!

Vemos nesta Visita a renovada confirmação da firmeza e profundidade das relações entre os nossos dois países, vizinhos e amigos.

Acresce, no entanto, que a presença de Vossas Majestades entre nós se reveste ainda de um significado muito particular, atendendo ao carinho e à simpatia que Portugal dedica à família Real.

A proclamação de Vossa Majestade como Rei é um momento determinante para o seu país e constitui uma renovação geracional que marcará certamente a História de Espanha.

Vossas Majestades conhecem bem Portugal. Guardo excelentes recordações da Visita Oficial que aqui realizaram em Maio de 2012, tal como recordo a hospitalidade calorosa com que minha Mulher e eu sempre fomos recebidos em Espanha.

Portugal e Espanha conhecem hoje um relacionamento que se exprime no quadro de uma cooperação bilateral que nunca foi tão vasta e intensa e que vem ganhando crescente vitalidade em setores variadíssimos das nossas sociedades civis.

Há quatro décadas, os nossos países iniciaram processos de transição democrática e conheceram, desde então, grandes transformações. Há quase três décadas embarcámos, em simultâneo, no projeto europeu. Estes caminhos marcaram profundamente aquilo que cada um dos nossos países é hoje, bem como o caráter do nosso relacionamento.

A aproximação e o impulso registados nos últimos anos a nível das nossas instituições, dos empresários, dos jovens, dos agentes culturais e científicos, das universidades e dos parceiros sociais é hoje uma realidade completamente adquirida.

Exemplos concretos desta cooperação não faltam e a XXVII Cimeira Luso-Espanhola do passado mês de junho demonstrou-o bem, pela diversidade dos temas e pela ambição dos debates.

As áreas de cooperação bilateral são cada vez mais numerosas, indo desde a investigação e ciência à cultura, aos transportes, à gestão de recursos hídricos e às questões energéticas. Registo, ainda, o nível de colaboração entre as nossas zonas fronteiriças, um vetor importante das relações entre vizinhos, que contribui para o desenvolvimento das regiões.

A intensidade e o peso estratégico do nosso relacionamento fazem com que poucos temas escapem hoje às relações luso-espanholas.

Espanha, a nível comercial, constitui o primeiro cliente e fornecedor de bens de Portugal. Foi também, nos dois anos mais recentes, o primeiro investidor externo e um dos principais recetores do investimento português no exterior.

A nível do turismo, Espanha ocupa uma posição cimeira como mercado emissor de turistas para Portugal e é um destino de eleição para os portugueses. Estes dados são reveladores da grande conexão existente entre as nossas duas economias.

Majestades,

Portugal e Espanha são Estados de vocação universalista. Além da Europa, partilhamos também outros espaços: o Atlântico, o Mediterrâneo, África e, naturalmente, a comunidade ibero-americana.

O papel que, nos últimos anos, Vossa Majestade tem desenvolvido no quadro do aprofundamento da relação ibero-americana e da dinamização das sociedades civis latino-americanas augura um reinado especialmente auspicioso, num momento em que a nossa Conferência está em processo de profunda renovação.

O bom entendimento entre os nossos dois países, para além das óbvias vantagens bilaterais, deve ser aproveitado para reforçar a nossa posição e tirar partido das nossas potencialidades, quer no quadro da União Europeia, quer em outros tabuleiros e fóruns relevantes, pese embora a existência de diferenças de interesses em relação a algumas questões ou dossiers específicos.

A verdade é que hoje – e muito, também, graças ao legado deixado por Suas Majestades o Rei D. Juan Carlos e a Rainha D. Sofia – nos conhecemos melhor e trabalhamos muito melhor em conjunto. Nem tudo, por certo, está feito. Podemos ir mais longe na nossa cooperação e na nossa coordenação. Manteremos, pela nossa parte, a ambição e o empenho na construção de um futuro de relações cada vez mais estreitas e frutuosas.

É neste espírito que peço que se juntem a mim num brinde à saúde e felicidade de Suas Majestades, ao bom-sucesso do reinado que se inicia, à prosperidade do povo amigo da Espanha e ao futuro das relações entre os nossos dois países.