Intervenção do Presidente da República no Jantar oferecido em honra do Presidente da República de Moçambique e Senhora Maria da Luz Guebuza
Palácio Nacional da Ajuda, 1 de julho de 2014

É motivo de grande alegria, para mim e minha Mulher, receber Vossa Excelência, Senhor Presidente, e a Senhora Dra. Maria da Luz Guebuza, bem como a distinta comitiva que os acompanha nesta nova Visita a Portugal.

Alegria redobrada, naturalmente, pela oportunidade de revermos velhos amigos. Ao longo dos últimos anos, várias foram as vezes em que nos encontrámos, em Portugal, em Moçambique ou noutros pontos do Mundo. Nessas ocasiões, foi sempre possível constatar os níveis ímpares de entendimento que partilhamos, bem como o desejo de aprofundamento e reforço da cooperação entre os nossos países.

Hoje, muito nos honra e sensibiliza, Senhor Presidente, que tenha decidido aceitar o convite que lhe dirigi, fazendo de Portugal o destino da última Visita bilateral do seu segundo mandato. Ao reencontrá-lo no meu país, não posso deixar de evocar, com gratidão, a generosidade com que minha Mulher e eu fomos sempre recebidos em Moçambique, país a que nos une uma profunda ligação afetiva.

Senhor Presidente,

As relações entre Portugal e Moçambique atravessam um momento de particular dinamismo em diversos campos.

Ainda recentemente, a Segunda Cimeira entre Portugal e Moçambique, em Maputo, confirmou a excelência da nossa relação bilateral.

A Visita de Vossa Excelência constitui um importante passo no nosso compromisso de explorar perspetivas de cooperação que contribuam para reforçar as parcerias entre Portugal e Moçambique, ao nível político, cultural, económico e empresarial.

Importa também sublinhar a importância que atribuímos à eleição de Portugal para a presidência do G-19, no quadro da parceria de apoio programático ao Orçamento de Estado de Moçambique. O exercício deste mandato à frente do G-19 sinaliza bem o aprofundamento qualitativo do nosso relacionamento bilateral, sendo certo que procuraremos contribuir para o fortalecimento da ação do Governo moçambicano em prol do desenvolvimento.

Do ponto de vista estritamente bilateral, Portugal permanece como um parceiro de Moçambique apostado no desenvolvimento sustentável do país. Apesar do exigente contexto orçamental, o Programa Indicativo de Cooperação Portugal-Moçambique 2011-2014 logrou manter um nível de envolvimento financeiro semelhante ao anterior.

Senhor Presidente,

Quero expressar o meu apreço a Moçambique e ao povo moçambicano pela forma como têm defendido e enriquecido a língua portuguesa. Tanto nas ruas de Maputo ou da Beira, como nas obras de José Craveirinha, de Paulina Chiziane ou Ungulani Ba Ka Khosa, a língua portuguesa adquire, por via da cultura moçambicana, novas dimensões e acrescida projeção.

Quero, ainda, saudar Moçambique pela forma como tem conduzido a Presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, imprimindo à organização, ao longo do seu mandato, uma capacidade de afirmação crescente.

Até à Cimeira de Díli, continuaremos a trabalhar, em conjunto, para que, no atual contexto de debate sobre os desafios futuros da nossa organização, a língua portuguesa e os valores que definem a nossa Comunidade sejam afirmados e projetados de forma ainda mais visível no plano internacional. Essa tem sido a chave do crescente reconhecimento da CPLP como uma entidade de referência no mundo atual, como bem o revelam a importância do papel da CPLP em Timor-Leste ou na questão da Guiné-Bissau e o próprio interesse estratégico que vem gerando junto de países como a Namíbia, a Geórgia e a Turquia, candidatos ao estatuto de Observador Associado.

Senhor Presidente,

A relação entre os nossos dois países constitui um ativo singular, tanto na perspetiva política, como na do contacto entre os nossos cidadãos e empresas.

Estou certo de que o Seminário-Fórum de Negócios que integra o programa desta Visita contribuirá para encorajar mais parcerias comerciais e de investimento entre os dois países.

O dinamismo económico que se prevê continuar a verificar-se em Moçambique, ao longo da próxima década, abre grandes oportunidades de aprofundamento das relações entre os nossos dois países. Neste processo, as empresas portuguesas, pelo seu conhecimento tecnológico, bem como pela sua especialização em várias áreas relevantes, podem contribuir para a diversificação da economia moçambicana.

As empresas portuguesas presentes no mercado moçambicano estão, por seu turno, conscientes da sua responsabilidade social. Portugal continuará a envidar esforços no sentido de incentivá-las a atribuir bolsas de estudo a estudantes moçambicanos, complementando as bolsas concedidas pelo Estado, à semelhança, aliás, do que foi iniciado no passado ano letivo. Deste modo, Portugal deseja contribuir para a formação de quadros moçambicano e para a sua inserção no mercado de trabalho, numa lógica de parceria, a longo prazo, com benefícios mútuos.

Senhor Presidente,

Saudamos os esforços de diálogo construtivo e de conciliação política que têm vindo a ser desenvolvidos pelo governo moçambicano para que o País, num quadro de inteira normalidade democrática, avance no caminho do progresso e da melhoria das condições de vida das populações.

Agradeço-lhe, uma vez mais, o contributo que tem dado e o empenho que tem colocado no aprofundamento da relação entre os nossos dois países. Pode contar, Senhor Presidente, também com o meu empenho pessoal no fortalecimento dos laços de amizade e cooperação que ligam os povos moçambicano e português.

É neste espírito que peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde e felicidade pessoal do Presidente Armando Emílio Guebuza e da Senhora Dra. Maria da Luz Guebuza, à amizade entre Portugal e Moçambique e à prosperidade crescente dos nossos povos irmãos.

Muito obrigado.