Discurso do Presidente da República por ocasião do Jantar oferecido em honra do Presidente da República do Panamá
Palácio da Cidadela de Cascais, 30 de julho 2013

É com grande satisfação que minha Mulher e eu acolhemos o Presidente Ricardo Martinelli, a Senhora D. Marta Linares de Martinelli e a comitiva que os acompanha nesta Visita de Estado a Portugal. Recordo bem, em 2009, a participação empenhada, em Lisboa, do Presidente Martinelli, aquando da XIX Cimeira Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo.

Saúdo o Panamá, que este ano preside aos trabalhos da Comunidade Ibero-Americana e que, no próximo mês de outubro, irá acolher a XXIII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo daquela Organização.

A Cimeira do Panamá, estou convicto, marcará decisivamente a reforma da Conferência Ibero-Americana, na qual os nossos dois Estados estão fortemente empenhados. Julgo que um país como o de Vossa Excelência, que atravessa um período de grande dinamismo e de justificada confiança no futuro, será um excelente anfitrião para a refundação de uma Comunidade Ibero-Americana mais orientada para novos desafios e ambições.

Senhor Presidente,

Portugal e o Panamá são países amigos e com uma relação sólida há muitos anos. Quero, nesta ocasião, destacar a convergência que entre nós existe pelo facto de sermos dois países virados para o Mar. A nossa posição geográfica convida-nos a assumir responsabilidades enquanto elos de ligação entre oceanos e continentes, entre povos e culturas.

O Panamá tem uma localização geográfica ímpar, que faz dele uma verdadeira ponte entre o Pacífico e o Atlântico. A importância geoestratégica do Canal do Panamá, ao qual está associada uma sofisticada plataforma logística, faz do país de Vossa Excelência, Senhor Presidente, uma referência incontornável na cena internacional contemporânea e, especialmente, no comércio à escala planetária.

O Panamá é uma das economias mais abertas do mundo, que apresenta de uma legislação favorável à presença de empresas estrangeiras, no quadro de uma democracia estável e amadurecida.

Portugal, por seu lado, é também uma democracia consolidada, um país com uma economia moderna e aberta, dotado de excelentes infraestruturas e com um capital humano extremamente qualificado. É, para além disso, desde há décadas, um Estado-membro da União Europeia. Pela sua posição geográfica, pela sua atitude perante o mundo, Portugal constitui um ponto privilegiado para aceder à Europa e a África.

Este é, como sabemos, um tempo de grandes desafios a nível nacional e a nível europeu. Portugal tem vindo a realizar um importante esforço de ajustamento macroeconómico e financeiro e cumprirá todos os compromissos que assumiu internacionalmente. Temos também levado a cabo um ambicioso e exigente conjunto de reformas estruturais destinadas a aumentar a flexibilidade e a capacidade competitiva da nossa economia.

Neste contexto, foi com enorme satisfação que registei o interesse de Vossa Excelência, Senhor Presidente, em conhecer a realidade empresarial do nosso País e a disponibilidade para dar a conhecer a realidade panamenha aos agentes económicos portugueses que esta tarde se reuniram em Lisboa, sob os auspícios da Embaixada do Panamá e da AICEP.

Acredito que tanto Portugal como o Panamá muito poderão beneficiar de um maior diálogo e de uma cooperação reforçada nas diversas áreas em que possuímos interesses convergentes.

A conclusão das obras de alargamento do Canal permitirá reforçar a centralidade do Panamá, mas também de Portugal, em particular do porto de Sines, nas rotas do comércio internacional. O reforço da nossa cooperação bilateral é também, por isso, uma oportunidade e uma responsabilidade que devemos assumir e concretizar em ações de interesse comum. É tempo de passarmos das palavras às realizações concretas.

Senhor Presidente,

Os empresários portugueses, muitos dos quais com experiência e com uma presença consolidada na América Latina, olham com interesse para as perspetivas que o Panamá lhes oferece. Não tenho dúvidas de que, em setores tão distintos como a construção e as obras públicas, o saneamento e a distribuição de água, as energias, o turismo, os transportes, os serviços portuários ou as novas tecnologias de informação e comunicação, existe hoje um vasto campo de oportunidades de negócio, cooperação e parceria.

Senhor Presidente,

As relações internacionais não se limitam, nos nossos dias, ao campo estritamente bilateral. A integração regional é hoje uma realidade que a todos interessa promover e fomentar. Dela dependem, e em muito, os nossos modelos de desenvolvimento social e económico.

Nesta perspetiva, não posso deixar de referir a satisfação pela conclusão do Acordo de Associação União Europeia/América Central, recordando que, a par de Espanha, Portugal foi o Estado-Membro que mais vivamente defendeu o lançamento destas negociações, num sinal inequívoco do seu empenho em fomentar o relacionamento económico e comercial entre as duas regiões.

Senhor Presidente,

Esta Visita de Vossa Excelência a Portugal constituirá, estou certo, um importante marco no nosso relacionamento, sobretudo pelas novas vias de cooperação bilateral que permitirá inaugurar. É com essa firme convicção que peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde e prosperidade do Presidente Ricardo Martinelli e da Senhora D. Marta Linares de Martinelli e do Povo amigo do Panamá, bem como à amizade entre os nossos dois países.