Discurso do Presidente da República por ocasião da Inauguração da Moagem da Nacional
Fábrica da Cerealis, Lisboa, 6 de março de 2013

É com particular interesse que me associo à inauguração da Moagem da Nacional, um significativo investimento da Cerealis na fábrica do Beato, expressão da vitalidade deste grupo económico, que é líder do mercado português e um dos principais grupos ibéricos no seu setor.

Esta fábrica, que tanto diz aos Portugueses, e por onde, durante anos, tem passado uma parte substancial das matérias-primas para a sua alimentação, atravessou o tempo, mas só o exterior do seu edifício se mantém próximo do que sempre foi.

No interior desta unidade fabril encontra-se, agora, uma das mais modernas instalações de moagem da Europa, dotada de equipamentos da mais avançada tecnologia, com um elevadíssimo nível de rendimento e de qualidade, permitindo assim ao Grupo continuar a acrescentar valor nacional e a competir, quer no mercado interno, quer no mercado externo, com a sua variada gama de produtos alimentares.

Por isso, tenho muito gosto em participar neste acontecimento e também em reconhecer, enquanto Presidente da República, o excelente trabalho do Grupo Cerealis.

Felicito a sua Administração e saúdo, igualmente, todos os colaboradores dos vários centros de produção nacionais do Grupo.

E felicito-vos não só por esta obra mas também por todas as outras que têm feito, ao longo de quase um século de existência, de forma continuada e consistente, inovando sempre, criando valor para a nossa economia.

Esta capacidade de adaptação à exigente realidade do mercado é da maior importância para a afirmação internacional da nossa economia e não pode deixar de ser uma preocupação central na atividade das empresas portuguesas.

Dependendo o crescimento económico do País e a criação de emprego da ação dos empresários, seria um erro grave os poderes públicos e a sociedade em geral não reconhecerem o mérito daqueles que investem, inovam, e conquistam novos mercados para a produção nacional.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

No setor dos cereais, continuamos, infelizmente, a depender de forma excessiva do exterior, quer nos cereais panificáveis, quer nos cereais para massas e nos cereais forrageiros.

A taxa de auto aprovisionamento é, de facto, das mais baixas de todo o setor alimentar.

Importámos, em 2012, mais de 1300 milhões de euros em cereais e derivados, dando assim uma contribuição muito negativa para o nosso saldo externo alimentar, uma vez que as nossas exportações nesta área atingiram apenas 322 milhões de euros.

A diferença entre as importações e as exportações, que ascendeu a perto de 1000 milhões de euros, corresponde, por seu turno, a cerca de um terço do nosso atual défice em matéria de produtos alimentares de origem agrícola.

Sublinho, no entanto, que este défice se reduziu, no último ano, em quase 400 milhões de euros relativamente ao ano anterior, devido ao excelente comportamento das exportações, mas a verdade é que continua a ser demasiado alto.

Sei que o problema da nossa elevada dependência externa em matéria de cereais não se situa na indústria transformadora, já que, em 2012, esta indústria fez crescer as nossas exportações, e certamente, também, com a contribuição do Grupo Cerealis.

O problema situa-se, isso sim, nas nossas condições naturais, que, em alguns casos, não permitem produzi-los em condições de poderem gerar um rendimento aceitável para os nossos agricultores.

Apesar de considerar que sempre se poderá fazer mais e melhor nesta área, o que aliás vem acontecendo com a cultura do milho e das cevadas para malte, importa, acima de tudo, fazer aumentar a produção de produtos alimentares de origem agrícola adaptados às nossas condições naturais, seja para exportação, seja para substituição de importações, de forma a que se reduza, globalmente, a nossa dependência alimentar face ao exterior.

Tenho confiança que os agricultores portugueses, apoiados pela indústria transformadora e por estímulos públicos apropriados, consigam dar um impulso decisivo para que esse objetivo venha a ser atingido.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Termino, desejando ao Grupo Cerealis e a todos os seus colaboradores que continuem a contribuir, com o seu investimento e o seu trabalho, para a alimentação saudável dos portugueses, para o progresso técnico e científico da indústria transformadora e para a criação de valor e de riqueza na nossa economia.

Muito obrigado.