Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Agraciamento da Rádio Renascença por ocasião do seu 75º aniversário
Palácio de Belém, 9 de abril de 2012

A Rádio Renascença celebra 75 anos de existência. Passaram três quartos de século desde 1937, ano em que, graças à visão estratégica e à tenacidade de Monsenhor Lopes da Cruz, se iniciaram as emissões da que viria a ser a Rádio Renascença.

Emissora católica, a Rádio Renascença tem um código genético bem definido desde os seus alvores. Possui uma identidade própria, um perfil que a distingue e singulariza no panorama radiofónico nacional.

A sua longevidade, que hoje assinalamos, deve-se ao facto de, ao longo dos anos, possuir a sabedoria necessária para conciliar duas exigências nem sempre coincidentes: por um lado, a adaptação ao ritmo vertiginoso do tempo; por outro lado, a preservação da sua matriz fundadora e da sua marca identitária.

Sabendo ler os sinais dos tempos, a Emissora Católica, inicialmente circunscrita à capital do País, foi estendendo as suas emissões a todo o território nacional. Assumiu um perfil generalista, com uma programação dirigida a públicos diversificados. Mas, mais importante do que isso, conquistou, por mérito inteiramente seu, o profundo apreço do povo português.

A Rádio Renascença faz parte do quotidiano de milhões de Portugueses. Gerações inteiras tiveram na Rádio Renascença a sua fonte de informação, o jornalismo de qualidade, a companhia e o entretenimento, a cultura, a par de programas de grande popularidade. Ao longo de várias décadas, muitos foram os programas, as rubricas, os autores ou locutores que nos habituámos a ouvir nas nossas casas. A Renascença faz parte da nossa vida. Nascemos e crescemos a ouvi-la.

No nosso tempo, marcado tantas vezes por situações de isolamento e de solidão, é difícil alcançar a importância espiritual, social e cultural de uma instituição como a Rádio Renascença. Ela é presença viva em muitos lares, quase como se fosse – e, por vezes, é – um membro da família, que escutamos com atenção e, em muitos casos, com o qual podemos contactar e dialogar.

Ao longo de 75 anos, a Renascença acompanhou a História contemporânea de Portugal. Teve papel marcante em acontecimentos decisivos da nossa vida coletiva. No lançamento da revolução de 25 de abril, fez ecoar pela sua onda a música Grândola, Vila Morena. Depois, atravessou momentos conturbados e, nessa época, foi bastião dos valores da liberdade, do pluralismo e da democracia.

Nos nossos dias, ampliou de forma extraordinária a sua esfera de ação. Não ficou aprisionada ao passado, modernizou-se. Multiplicou o número de canais, desenvolveu novas áreas de atividade, foi a base de criação de um vasto grupo de comunicação social. Mais recentemente, trilhou os caminhos da inovação, marcando presença na multimédia, em áreas como a Web, Mobile, Vídeo, Online ou Web TV.

Tudo isto se processou com inteira fidelidade aos princípios fundadores, mas igualmente com espírito de abertura ao mundo e ao pluralismo da sociedade. A sociedade portuguesa escuta e ouve com atenção a Rádio Renascença, mas a inversa também é verdadeira: o sucesso de 75 anos desta Rádio também se deve ao facto de ela saber escutar atentamente os sinais que a sociedade portuguesa lhe transmite.

A Renascença não transige com o facilitismo nem cede à tirania das modas ou à sedução do efémero. Mas sabe compreender a necessidade de mudança, pelo que consegue renovar-se permanentemente, captando novos públicos, sobretudo os mais jovens.

É com alegria e orgulho que encaramos instituições verdadeiramente nacionais como a Rádio Renascença. Daí o regozijo com que lhe atribuo o grau de Membro Honorário da Ordem de Mérito.

Talvez não seja necessário explicar o motivo pelo qual é conferida esta distinção à Rádio Renascença. Melhor do que eu, explicá-lo-iam milhões de ouvintes, gerações inteiras que, em 75 anos, tiveram nesta Rádio uma voz amiga.

Saúdo todos os grandes profissionais que ergueram este projeto, fazendo-o assentar em bases sólidas, em valores e princípios indeclináveis e inegociáveis.

Na pessoa do Senhor Cónego João Aguiar Campos, quero deixar também uma saudação calorosa aos que atualmente trabalham na Rádio Renascença. Tenho a certeza de que não se afastam do compromisso de fidelidade e de proximidade aos Portugueses. É esse compromisso, estabelecido há 75 anos, que constitui a razão de ser da Rádio Renascença e que explica o seu sucesso de tantas décadas.

Os meus parabéns por este sucesso de 75 anos. Em nome do povo português, quero expressar a minha gratidão pela obra feita e pelo trabalho que todos os dias continuam a realizar.

Muito obrigado.