Intervenção do Presidente da República na Cerimónia de Doutoramento Honoris Causa, atribuída pela Universidade Heriot-Watt de Edimburgo
Edimburgo, 23 de Junho de 2009

Vice-Chanceler, Professor Anton Muscatelli,
Senhoras e Senhores,

Quero começar por agradecer ao Professor Andrew Walker, as suas palavras tão simpáticas e generosas. Quero agradecer, também, à Universidade Heriot-Watt a sua calorosa hospitalidade.

É uma grande honra para mim receber o ‘Honorary Degree of Doctor Of Letters” pela Universidade de Heriot-Watt - uma das mais prestigiadas do Reino Unido.

E é com muito prazer que regresso a Edimburgo, uma das mais belas cidades europeias.

Durante o tempo em que permanecemos em York, no âmbito do programa de doutoramento em economia, eu e a minha mulher fomos atraídos pela paisagem e a riqueza histórica e cultural da Escócia.

Acompanhados pelos nossos dois filhos, aproveitámos para conhecer cidades, vilas e aldeias, montanhas, lagos e florestas, castelos, igrejas e mosteiros. A Escócia e Edimburgo fazem parte das boas recordações que acumulámos durante a nossa estadia em York.

Mas Edimburgo faz também parte das minhas memórias políticas.

No primeiro semestre de 1992, como Primeiro-Ministro de Portugal, exerci as funções de Presidente do Conselho Europeu. Coube-me presidir à assinatura do Tratado de Maastricht, mas também lidar com o choque provocado pela vitória do “Não”, no referendo dinamarquês.

Mais fácil foi conseguir que, os então 12 Estados Membros, aprovassem a abertura das negociações de adesão da Áustria, da Finlândia e da Suécia.

À Presidência portuguesa da União Europeia seguiu-se a Presidência britânica. John Major era o Primeiro-Ministro. E foi aqui, em Edimburgo, no Palace of Holyroodhouse, que teve lugar uma das mais difíceis das 29 Cimeiras europeias em que participei. O Conselho prolongou-se 10 horas para além do previsto. Mas como nos contos de fadas acabou com um final feliz.

Foi aprovado o quadro orçamental para o período 1993-99 e foram criadas as condições para que a Dinamarca realizasse um novo referendo, desta vez com a vitória do “Sim”.

Recordo que o jantar oficial se realizou a bordo do iate real Britannia, a convite de Sua Majestade, a Rainha. Os Príncipes de Gales, igualmente presentes, tinham visitado Portugal em 1987, no quadro das celebrações dos 600 anos do Tratado de Windsor entre Portugal e a Inglaterra, a mais velha Aliança vigente até hoje.

Relembro muitas vezes esses tempos, para mostrar aos mais pessimistas que as dificuldades não são só de hoje e que os líderes europeus sempre as têm sabido ultrapassar.

Vice-Chanceler,
Senhoras e Senhores,

Se, depois de alcançar o lugar de Professor nas Universidades portuguesas, fui Ministro das Finanças e, depois, durante 10 anos, Primeiro-Ministro do meu país, e se estou hoje, aqui, como Presidente da República de Portugal, para receber este “Honorary degree”, tal deve-se ao investimento que a minha família e eu próprio fizemos na minha educação.

Na minha caminhada pelo aprofundamento dos conhecimentos no domínio da ciência económica e, em particular, na preparação da minha dissertação de doutoramento, na Universidade de York, tive o privilégio de beneficiar da orientação de um homem notável e magnífico Professor, também ligado a esta Universidade: Sir Alan Peacock, aqui presente.

Estou particularmente satisfeito por receber este “Honorary Degreee” diante de centenas de graduandos de MBA. O meu percurso é exemplo da rentabilidade do investimento em capital humano. Um dia, quem sabe, será a vez de um de vós falar deste lugar. Estou certo de que, como eu, recordará a sua caminhada e reconhecerá que valeu a pena o esforço.

Quero desejar a todos vós os maiores sucessos pessoais e profissionais e agradecer, mais uma vez, a distinção que o Senado da Universidade decidiu conceder-me.