Discurso do Presidente da República na tomada de Posse da Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário da República
Lisboa, 12 de Junho de 2008

Senhor Primeiro-Ministro,
Senhores Membros da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República,
Senhoras e Senhores,

As Comemorações do Centenário da República irão ser uma das mais importantes realizações cívicas e culturais que Portugal levará a cabo no futuro próximo.

O ano de 2010 avizinha-se e, por isso, há que avançar com rapidez e dinamismo. Mas também com serenidade e, sobretudo, com a elevação que a República de todos nós exige.

A Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República tem à sua frente uma tarefa de grande relevância e responsabilidade: conceber e concretizar um Programa que mobilize todos os Portugueses. O Centenário da República deve ser uma celebração de alegria e de festa, sem criar fracturas artificiais ou divisões que não se inscrevem no âmbito específico das comemorações da República.

Os méritos de jurista e de gestor do Dr. Artur Santos Silva, a sua cultura humanista, as capacidades que demonstrou na coordenação de projectos culturais de grande envergadura, as suas qualidades cívicas e morais asseguram que, sob a sua presidência, a Comissão desempenhará com sucesso a missão que lhe foi confiada.

Dos vogais da Comissão, personalidades de reconhecidos méritos, todos confiam que irão exercer as suas honrosas funções com independência e espírito de equipa, trabalhando apenas com um objectivo: contribuir para que o centenário da República seja celebrado com dignidade, unindo os Portugueses em torno de um ideal colectivo que agora celebra cem anos.

Antes de ser uma forma de governo, a República é um projecto de cidadania. É este o sentido com que deve ser celebrada a República: como ideal ético, como modelo das virtudes cívicas de dedicação leal ao País e do governo pelo mérito.

É importante que todos os Portugueses se revejam nestas comemorações. Os cem anos da República devem, de resto, ser um motivo para que nos mobilizemos em torno de desígnios que são da colectividade como um todo.

O pluralismo é um ideal republicano e, por isso, também aqui o pluralismo deve ser respeitado. A República não representa o triunfo de um grupo sobre outro. O espírito republicano, porque nasceu justamente para acabar com privilégios, não tem proprietários exclusivos nem protagonistas privilegiados.

As Comemorações da República possuem, naturalmente, uma componente histórica, de evocação do passado, de revisitação de uma memória. Mas devem ter, essencialmente, uma dimensão prospectiva, vocacionada para o futuro. Para além do conhecimento objectivo e desapaixonado de um facto tão marcante da nossa História Contemporânea, existe um labor a realizar na aproximação da sociedade civil às instituições políticas da República, tal como, de resto, é enunciado no diploma que criou a estrutura organizativa destas Comemorações.

Em articulação com a Comissão Consultiva, estou certo de que a Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República saberá encontrar um justo equilíbrio entre a vertente histórica e a projecção do futuro, entre a componente científica e a componente cívica das Comemorações da República.

Mais do que em torno de ideologias ou formas de ver o mundo, é no universo dos valores e das virtudes éticas que a República deve ser celebrada, porque é aí que reside a sua essência, a sua perenidade.

Na qualidade de Presidente da República e de Presidente da Comissão de Honra das Comemorações do Centenário, saúdo a Comissão que acaba de ser empossada e desejo-lhe os maiores sucessos na execução das tarefas que lhes foram confiadas.

Muito obrigado.