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Visita ao Centro de Formação  da Escola da Guarda (GNR)
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INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República por ocasião do Banquete oferecido em honra de Suas Majestades os Reis da Suécia
Palácio da Ajuda, 5 de Maio 2008

Majestades,
Excelentíssimas Autoridades,
Digníssimos membros da delegação sueca,
Ilustres convidados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

É com grande prazer que acolhemos Vossas Majestades nesta Visita de Estado a Portugal.

O estabelecimento de relações diplomáticas e a celebração do Acordo de Paz entre os nossos dois países, em 1641, constitui o marco a partir do qual o nosso relacionamento se institucionalizou. Foi um ano importante para Portugal, envolvido que estava no combate pela manutenção e pelo reconhecimento internacional de uma independência que acabara de restaurar. Um ano em que a contabilidade dos apoios, das amizades e das alianças se fazia sob o prisma da sobrevivência de um projecto nacional. E, nesse ano difícil e decisivo, a Suécia esteve connosco.

Como voltaria a estar, quando foi necessário afirmar e consolidar o regime democrático resultante da Revolução de Abril, em 1974.

Entre uma data e outra, a História do nosso relacionamento foi feita de contactos diplomáticos, comerciais e culturais que, embora de intensidade nem sempre constante, nos deixaram um legado de amizade e proximidade que cumpre hoje sublinhar.

É o caso do acervo literário, de que são exemplo as obras do Embaixador António de Castro Feijó e a compilação de cartas do Conselheiro de Legação Carls Israel Ruders, e também - não resisto a referi-lo – algumas peculiaridades gastronómicas. Deve-se, afinal, ao nosso Embaixador Sotto Maior, representante, em Estocolmo, da Coroa Portuguesa no longo período de 1856 a 1894, a receita de “Lúcio-perca à la Soto Maior”, ainda hoje presente no livros de culinária do país de Vossas Majestades.

Portugal e a Suécia estão apostados em fazer deste seu legado histórico a base de uma relação voltada para o futuro, um objectivo para que muito contribui a troca de visitas ao mais alto nível, como a que Vossas Majestades agora efectuam, ou aquela com que nos honraram, em 1986, e de que guardo, pessoalmente, a mais grata memória.

Permitam-me uma referência a algo que é particularmente caro aos portugueses: os laços que unem Sua Majestade a Rainha Sílvia a esse país que nos está tão próximo, o Brasil, e que fazem com que possamos incluir Vossa Majestade entre os mais de 200 milhões de pessoas que, connosco, partilham, nos 5 continentes, dessa língua que Pessoa considerava a sua Pátria, como a matriz que une todos quantos, como Vossa Majestade, nela se exprimem.

Majestades,

A relação entre Portugal e a Suécia está assente em bases sólidas feitas de afinidades e interesses comuns.

A Suécia apresenta um dos mais elevados graus de desenvolvimento económico e social, a nível mundial. A coragem com que o seu povo enfrentou as adversidades do final do século passado, transformando-as numa oportunidade de desenvolvimento e modernização, é uma fonte de inspiração para todos nós.

Como resultado de profundas e exigentes reformas estruturais, a Suécia é hoje, de novo, uma economia saudável e dinâmica, com taxas de crescimento acima da média europeia.

Portugal é hoje um país envolvido numa profunda alteração do seu paradigma de desenvolvimento, que lhe impõe a necessidade de uma aposta decisiva na qualificação das pessoas, na inovação tecnológica, no desenvolvimento sustentável. Trata-se de um rumo que obriga a reformas de grande alcance, que a estabilidade política favorece.

Chegou, pois, o momento de intensificarmos e diversificarmos o nosso relacionamento económico e comercial, tirando partido das oportunidades. É esse o sentido do seminário empresarial sobre energias renováveis, incluído no programa da Visita de Vossas Majestades.

O turismo é outra área a merecer uma atenção prioritária, não só pelas suas óbvias vantagens económicas, como pelo seu contributo para a aproximação entre os povos, potenciadora de uma maior cooperação em todos os domínios de actividade.

Majestades,

A excelência do nosso relacionamento bilateral reflecte-se, também, numa comunhão de valores que conduz a uma frequente confluência de posições nas Nações Unidas, a um mesmo empenho nas missões de paz e segurança, à prioridade no auxílio ao desenvolvimento, ao apego, em suma, à edificação de um mundo mais justo e mais pacífico.

Esta identidade de propósitos recomenda que procuremos formas de adensar a nossa cooperação onde a nossa experiência possa constituir uma mais-valia, designadamente em África, um Continente que merece, por parte dos nossos dois países, uma atenção muito especial.

No quadro da União Europeia, o nosso relacionamento é marcado pela excelência, sendo múltiplos os temas em que se verifica uma identidade de pontos de vista. Gostaria, neste contexto, de sublinhar o apoio do meu país às prioridades estabelecidas pela Suécia para a sua Presidência da União Europeia, em 2009. Uma Presidência exigente, que terá pela frente os desafios ligados – assim o esperamos – à implementação do Tratado de Lisboa e que, em larga medida, contribuirá, para a definição e consolidação do modelo de funcionamento da União Europeia do futuro.

Majestades,

São, pois, inúmeras as oportunidades que a nossa pertença comum à União Europeia e o empenho na consolidação da nossa relação nos oferecem. O verdadeiro desafio está em saber aproveitá-las contribuindo, assim, para o desenvolvimento e bem-estar dos nossos povos.

Fazendo votos para que a Visita de Estado que Vossas Majestades hoje iniciaram contribua de forma significativa para um estreitamento dos laços que unem Portugal e a Suécia, peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde de Suas Majestades o Rei Gustavo e a Rainha Sílvia, do Povo amigo da Suécia e à prosperidade das relações entre os nossos dois Países.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.