Intervenção do Presidente da República por ocasião da Apresentação do Relatório da Auditoria Energética ao Palácio de Belém
Lisboa, 30 de Janeiro de 2008

Senhora Presidente do INETI,
Senhor Presidente da EDP,
Senhor Presidente da GALP,
Senhores Auditores,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

Na 2ª Jornada do Roteiro para a Ciência, dedicada às Tecnologias Limpas, anunciei a realização, de uma auditoria energética ao Palácio de Belém.

Essa Auditoria foi realizada, de um modo muito competente, pelo INETI, pela EDP e pela GALP e os seus resultados acabam de ser apresentados. Agradeço e felicito as entidades envolvidas e os seus técnicos pelo excelente trabalho.

A energia e o ambiente estão, hoje, no centro da discussão pública internacional.

A necessidade de dar resposta aos desafios:

- das alterações climáticas
- da segurança do abastecimento energético
- da organização eficiente dos mercados

tem mobilizado cientistas, empresários e políticos.

Aqueles objectivos terão de ser alcançados num cenário de:

- instabilidade política em algumas regiões do globo
- limite físico das reservas dos recursos energéticos fósseis
- escalada das necessidades globais de abastecimento de energia.

Portugal tem, na área da energia, um dos seus maiores desafios devido à:

- elevada intensidade energética
- altíssima intensidade dos transportes no PIB - nossa excessiva dependência energética do exterior, em particular do petróleo.

Precisamos de uma nova atitude em matéria de energia.

Desperdiçamos demasiada energia e ainda não tiramos plenamente partido dos nossos recursos naturais.

Temos de:

- apostar numa maior eficiência energética no consumo (nos sectores dos edifícios, da indústria e dos transportes)
- numa utilização mais inteligente dos recursos fósseis
- numa maior produção a partir de fontes renováveis.

Tenho procurado chamar a atenção para a circunstância de Portugal ter condições únicas no contexto da investigação e inovação tecnológica no sector da energia.

Temos cientistas e laboratórios reputados no sector da engenharia e da energia.

Dispomos de condições naturais privilegiadas para o desenvolvimento de projectos inovadores de:

- energia das ondas,
- energia eólica,
- energia solar
- hidroelectricidade.

Temos no sector empresarial um grande dinamismo na busca de novas oportunidades de negócio ligadas à energia e ao ambiente.

Mas a resposta aos problemas das alterações climáticas e da dependência energética do exterior não começa nem acaba nos laboratórios de investigação ou nas empresas.
Também, se não esgota no sector da produção de energia.

É tempo de assumirmos estes desafios, também, do lado da procura de energia, tendo como motor da mudança os próprios cidadãos.

Todos temos, aqui, muito a fazer.

O Estado, deve dar o exemplo numa utilização pública de bens mais amiga do ambiente.

Os cidadãos, adquirindo comportamentos mais favoráveis à poupança de energia.

Como Presidente da República quis dar o exemplo.

A Auditoria realizada permitiu concluir que, em termos globais, o Palácio de Belém, com os seus 18 000 m2 repartidos por vários edifícios, consome, anualmente, 471 tep (toneladas equivalentes de petróleo) de energia térmica e eléctrica, emitindo 771 toneladas de CO2, resultando numa factura anual de energia de 156 924 €.

Com as medidas de eficiência energética identificadas no Relatório e que serão integralmente aplicadas, no Palácio de Belém, durante o corrente ano de 2008, será possível:

- Reduzir a factura energética em 62 000€, isto é, menos 40% face a 2007;
- Reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 228 toneladas de CO2, isto é, menos 30% face a 2007.

Está provado: a eficiência energética é ambiental e economicamente recompensadora.

É tempo de, cada um de nós, na sua casa e no seu local de trabalho, assumir a mudança de comportamentos indispensável à sustentabilidade do nosso modelo de desenvolvimento.

Em nome das próximas gerações.

Espero que este bom exemplo seja replicado em outros serviços públicos.