Intervenção do Presidente da República na cerimónia de atribuição do Prémio Vida Literária
Culturgest, Lisboa, 21 de Novembro de 2007

Senhora Ministra da Cultura
Senhor Presidente da Associação Portuguesa de Escritores
Senhor Presidente da Caixa Geral de Depósitos
Distinto Laureado
Senhoras e Senhores,

É para mim um motivo de enorme satisfação estar aqui hoje, para entregar ao Professor Vítor Aguiar e Silva o Prémio Vida Literária.

Satisfação, antes de mais, por ver reconhecida publicamente a actividade que o premiado tem desenvolvido em prol da língua e da cultura portuguesas, tanto no País, como no estrangeiro.

Mas satisfação, igualmente, por ser um prémio atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores, através do qual se presta homenagem a alguém que tanto tem feito pelo conhecimento, a divulgação e o prestígio da literatura, em particular da nossa literatura.

É um prémio a que se chama «Prémio Vida Literária», e dificilmente alguém poderia ter consagrado mais intensamente a sua vida às letras do que o Professor Aguiar e Silva.

Só uma dedicação como a sua pode explicar a multiplicidade de estudos académicos que levam o seu nome, ou a profundidade dos seus comentários sobre alguns dos nossos maiores escritores, a começar por Camões, ou ainda o trabalho que realizou na universidade e em outras instituições para a defesa da língua pátria.

Na verdade, Vítor Aguiar e Silva não é apenas o investigador erudito e culto, que publicou, entre muitas outras obras, uma Teoria da Literatura internacionalmente conhecida, com traduções que vão do espanhol ao japonês.

É também o professor em quem se revêem sucessivas gerações de estudantes, quer porque seguiram as suas aulas, quer porque aprenderam pelos seus livros.

Acima de tudo, Aguiar e Silva é um humanista, para quem os problemas da educação, do ensino do português, da defesa e promoção da nossa língua e do nosso património literário têm sido uma causa constante, não apenas no plano académico mas também no plano cívico.

Gostaria, aliás, de lembrar aqui o relevante trabalho por ele desenvolvido à frente da comissão que preparou a criação do Instituto Camões, assim como da Comissão Nacional da Língua Portuguesa, organismos para os quais tive o prazer de o nomear quando era primeiro-ministro.

Senhoras e Senhores,

Num tempo como o nosso, em que tantas dúvidas e apreensões se levantam em torno dos problemas da educação, é extremamente gratificante homenagearmos alguém, como o Professor Aguiar e Silva, que ainda há bem pouco tempo falava de si próprio como sendo um «lavrador universitário», orgulhoso das suas «colheitas».

Temos de estar reconhecidos a estes «lavradores», a todos aqueles que dão o seu melhor para prestigiar as nossas escolas, para formar os nossos filhos e preparar as futuras elites.

Quero, por isso, felicitar a Associação Portuguesa de Escritores, que atribui este prémio, tal como a Caixa Geral de Depósitos, que o patrocina.

Quero, sobretudo, apresentar os meus sinceros parabéns ao Professor Aguiar e Silva.
Faço votos para que ele continue, por muitos e bons anos, a «semear» como até aqui tem «semeado».

O País e, sobretudo, os seus muitos leitores estão-lhe gratos e reconhecidos.